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Greve acaba, mas seguem problemas no atendimento

Mesmo com determinação judicial em Ribeirão Pires, médicos não haviam retornado ao trabalho até as 20h

Por Vanessa de Oliveira
Renata Rocha
29/11/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Embora a Justiça tenha determinado na quinta-feira a volta dos médicos de Ribeirão Pires ao atendimento no Hospital e Maternidade São Lucas e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Luzia, até as 20h de ontem o serviço não havia sido normalizado. Liminar conquistada pela Prefeitura constava aplicação de multa diária no valor de R$ 20 mil em caso de descumprimento.

Às 17h30, a assessoria de imprensa do Executivo enviou nota afirmando que a situação estava 100% normalizada. Porém, uma hora depois, a equipe do Diário, sem se identificar, telefonou aos dois equipamentos e a resposta foi contraditória. Na UPA, a atendente informou que a greve continuava e apenas casos de emergência eram atendidos. Já na unidade hospitalar, a informação dada também era de que a paralisação estava mantida e que a orientação passada aos pacientes era para procurar outros hospitais.

Às 20h, o presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos de Santo André e Região) e médico concursado da cidade, Ari Wajsfeld, disse que, nos dois locais, o restabelecimento do atendimento deveria ocorrer “nos próximos minutos”, mas a normalização não estava garantida. “Se os médicos vão voltar ou não, cada um é dono da sua vida. Mas espero que eles restabeleçam a ordem do atendimento.”

Wajsfeld falou que a entidade esteve no Fórum da cidade para recorrer da liminar, no entanto, não obteve êxito. “A juíza não estava lá, então, a questão ficou para ser resolvida na segunda-feira. Enquanto isso, estamos orientando os médicos para que retornem normalmente ao trabalho, tendo em vista a aplicação da multa.”

Sobre a comissão de sindicância instaurada pela Prefeitura desde julho para investigar suposta fraude no registro de ponto, o dirigente ressaltou: “Foi estabelecido esse ponto digital há cinco meses. Nenhum dos médicos se recusou nem pediu exoneração, portanto, isso não é o motivo (da greve). Nada está sendo feito na Saúde de Ribeirão Pires, só tem se deteriorado.”

A categoria elenca como motivos da paralisação, deflagrada na segunda-feira, a falta de remédio, limpeza, alimentação e segurança das unidades. O prefeito Saulo Benevides (PMDB) contesta. “Antes eles falavam que o padrão era melhor que em hospital particular, a partir do momento que exigi (o ponto eletrônico), tornou-se pior. Só quero que eles cumpram o horário correto e respeitem a população”, declarou ele, acrescentando que determinou ao procurador que acelere a sindicância.

Na manhã de ontem, um médico do Hospital e Maternidade de São Lucas, que preferiu não se identificar, comentou que as condições do local “estão péssimas”. “Falta medicamento, já teve gente que foi encaminhada para Rio Grande da Serra para tomar uma benzetacil, porque aqui não tinha.”

Quem precisou do atendimento lamentou o impasse. “Entendo que as pessoas devem lutar por melhores condições de trabalho, mas estou com enjoo forte que poderia ser resolvido de forma rápida. Vim aqui no hospital para ser encaminhada para uma UBS. Essa situação está difícil para todos”, disse a corretora Flávia Andrade, 37 anos. 




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