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Engraxate deixa Reali em saia-justa
Elaine Granconato
Especial para o Diário
19/07/2008 | 07:00
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Um dia depois do lançamento oficial do programa de governo da coligação Diadema Quer Mais, o candidato a prefeito do PT, Mário Reali, foi testar sua popularidade no bairro Piraporinha, um dos principais centros comerciais da cidade. Entre apertos de mão e pedidos de votos de confiança, o petista, durante a parada estratégica para o café, aproveitou para engraxar os sapatos. O engraxate: um garoto de 13 anos e morador no Núcleo Habitacional Vinicius de Moraes, no bairro Casa Grande, região Leste da cidade.

Atencioso com o pré-adolescente, Reali pediu para que "caprichasse", afinal usará o mesmo sapato preto e tamanho 41 até outubro, mês das eleições municipais. Quis ainda saber detalhes, como nome, onde morava e se estava estudando. Porém, não se ateve à situação: no Brasil, trabalho com menos de 16 anos é ilegal e judicialmente punido. Questionado a respeito, admitiu o problema existente em Diadema. "É uma realidade", disse o deputado estadual, ao acrescentar que, "todo jovem tem de ter tempo para educação".

Entende-se como trabalho infantil as atividades desenvolvidas por crianças e adolescentes com o objetivo de garantir o sustento de cada família ou a si próprio. "O desafio será grande. Temos de ampliar os programas municipais existentes, como o Projeto Adolescente Aprendiz (atende hoje 2.100 jovens entre 14 e 15 anos), mas necessitamos de recursos", afirmou Reali, que não sabia no momento o orçamento previsto para a área de Assistência Social. O total de receita da Prefeitura deste ano é de R$ 519 milhões.

O recém-lançado programa de governo petista traz como uma das propostas a manutenção da jornada ampliada do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), do governo federal. Em Diadema, 400 crianças e adolescentes são hoje atendidos, entre 7 e 15 anos.

Após pagar R$ 2 pelo serviço executado, Reali, com o par de sapatos brilhando, prosseguiu na atividade acompanhado do candidato a vice Gilson Menezes (PSC).

Já o garoto-engraxate, que usava moleton surrado do penta do Brasil, confirmou que divide o dinheiro da jornada entre graxa, mantimentos e contribuição para a igreja evangélica. Adesivos de Reali foram distribuídos e colados no caixote de trabalho. Porém, o estudante sequer sabia o nome do atual prefeito da cidade (José de Filippi Júnior). Muito menos daquele que deixou os sapatos brilhando.




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