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TV e cinema intensificam intercâmbio
Por Márcio Maio
da TV Press
12/01/2009 | 07:00
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Há tempos que a TV e o cinema ‘trocam figurinhas'. Desde filmes que são feitos para a televisão a projetos de teledramaturgia que ganham as telonas depois de exibidos em rede nacional, o intercâmbio entre os dois veículos existe há décadas. Mas com a convergência digital, equipamentos que antes só eram usados na TV se desenvolveram a ponto de serem adotados por cineastas. E, em contrapartida, recursos que dificilmente eram trabalhados na teledramaturgia se tornaram diferenciais nas produções de alguns canais. "O cinema sempre aproveitou material desenvolvido para a TV. Antes de ser inventada, fazia isso com o teatro", lembra Daniel Filho, diretor com vasta experiência em ambas as mídias.

A relação entre os dois veículos é tanta que alguns profissionais já trabalham focando neles. Jayme Monjardim, por exemplo, fez questão de gravar a minissérie Maysa - Quando Fala o Coração com recursos suficientes para ser exibida na TV e, em seguida, editada como longa-metragem. Para o diretor, trata-se de uma questão de aproveitar a oportunidade. Isso porque, segundo ele, o trabalho a mais que deu a dupla função seria feito de qualquer jeito: filmar com apenas uma câmara. "Mais importante do que o veículo que transmite é a mão de quem trabalha. Depois que a alta definição chegou à TV, não dá para descuidar com a luz, textura e outros aspectos", observa Jayme, que teve um motivo a mais para caprichar na obra: o diretor é filho da cantora Maysa.

Monique Gardenberg concorda com Jayme. A diretora da série Ó Paí, Ó, que a Globo transmitiu no ano passado, garante que fez os seis episódios para a emissora como se estivesse gravando seu longa. E que isso não foi uma dificuldade. "A única diferença foi na captação das imagens. Para cinema eu usaria película", minimiza. Entretanto, mesmo isso não é mais uma regra. Tanto que o número de longas nacionais cresceu depois que a tecnologia avançou. Atualmente, gravar um filme com um equipamento digital reduz o custo de uma produção em até 50%. "O digital veio para ficar. Cada vez mais o cinema vai fazer uso dessa vantagem e isso certamente vai ajudar a aproximá-lo da TV. Mas não o quanto deveria", opina Domingos de Oliveira.

Apesar de acreditar em uma aproximação dos dois veículos, Domingos não aposta numa convergência entre eles. Principalmente porque, para o cineasta, a TV não tem linguagem. Por ser um veículo estritamente comercial, ele acha que a busca pela audiência tende a diminuir a qualidade do que é transmitido. "Por enquanto só está sendo feito o que cabe dentro da mediocridade da televisão", afirma. Daniel Filho não divide a mesma opinião com Domingos, mas critica quem conta vantagem por "trabalhar cinema na televisão". "Não sei a que TV ou cinema eles se referem. Isso é papo de quem não tem o que falar", critica, defendendo que a convergência digital só deixa óbvio o ‘parentesco' entre os dois veículos.

O que para alguns é óbvio, para outros não parece fazer muito sentido. Luiz Fernando Carvalho jura que gravou a microssérie Capitu pensando em televisão. E vai além: diz que, se estivesse trabalhando em um longa, seria completamente diferente. O diretor defende uma linguagem totalmente distinta entre as duas mídias e que, ao que dá a entender, deve ser trabalhada especificamente em cada uma delas. "Se a questão é qualidade de imagem, até comercial de margarina faz. TV e cinema são dois veículos diferentes. Não misturo as coisas", compara.




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