Setecidades Titulo
Grupo é acusado de ‘faxina social’
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
13/01/2008 | 07:05
Compartilhar notícia


Francisco Gomes da Silva, 50 anos, pode ter sido vítima de uma faxina social. A família dele acredita que um grupo desconhecido o tenha levado do Centro de Mauá até a entrada de Cubatão, no Litoral. Ele era deficiente mental e pode ter sido confundido com um mendigo alcoolizado. Em Cubatão, assustado e sozinho, o deficiente mental morreu atropelado.

“Ele saía de casa sozinho. Ia ao mercado e voltava contente com pãezinhos que davam para ele. Ia a pé até a estação de trem, dizia que era para ver o metrô”, conta uma das três irmãs de Silva, Maria Deusair Gomes da Silva, 46 anos.

No dia do desaparecimento, 15 de dezembro, Silva saiu pela manhã mas, diferentemente do que fazia, não voltou para almoçar. “Deu 14h e começamos a procurá-lo”, contra outra irmã, Maria da Graça Gomes, 48 anos. Às 18h, a família registrou um boletim de ocorrência.

Nos dias seguintes, a três irmãs de Silva espalharam panfletos por Mauá e por todo o Grande ABC avisando sobre o desaparecimento. Então, veio a primeira pista. “Um moço no Centro disse que um caminhão tirava os mendigos daqui e os levava até o Riacho Grande. Fomos para o Riacho e soubemos que, na verdade, as pessoas eram jogadas em Cubatão.

Então procuramos pelo Francisco nos hospitais e abrigos da cidade”, conta Maria Deusair. Elas estiveram no Litoral em 20 de dezembro.

Não ocorreu à família, naquela data, procurar por Francisco no IML (Instituto Médico-Legal) de Cubatão. Se tivessem feito isso, teriam encontrado. Ele morreu atropelado no Km 269 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, em 18 de dezembro. Segundo a Polícia Civil, um caminhoneiro o atingiu quando Silva entrou no meio da pista. O caminhoneiro chamou o Resgate, mas nada pôde ser feito.

O deficiente mental foi enterrado como indigente no dia 3 de janeiro. Nessa mesma data, a família decidiu descer a Serra do Mar novamente, desta vez para passar no IML. As irmãs reconheceram fotos dele.

“Não tenho como provar que alguém realmente tirou meu irmão à força da praça e jogou ele no meio de Cubatão. Mas foi o que me disseram pelas ruas. Fui atrás da história e o encontrei. Só que morto. Ninguém sabe o drama que é ficar 18 dias rodando de IML em IML reconhecendo corpos, sempre com medo de encontrar o que se está procurando.

Quem tirou nosso irmão da família a troco de nada tem de pagar”, diz Maria Deusair.

A Secretaria de Proteção Social de Mauá informa desconhecer a ação de um grupo que retira à força mendigos da cidade. Em Cubatão, moradores e mendigos da região central disseram que é comum gente do Grande ABC ser despejada por lá.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;