Economia Titulo Educação
Grande ABC contrata
R$ 158 mi para Fies

Programa de crédito ao estudo no Ensino Superior tem taxa de
juros de 3,4% ao ano; informações são de agências da região

Por Pedro Souza
17/02/2013 | 07:00
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Um diploma de Ensino Superior vale muito para o mercado de trabalho. Graduados e tecnólogos são mais demandados pelas empresas. Mas os preços das faculdades particulares, para aqueles que não conseguiram passar em um vestibular de instituição de ensino pública, muitas vezes não encaixam no orçamento familiar. E é neste caso que entra em ação o Fies (Programa de Financiamento Estudantil), o crédito mais barato para o estudo no País, com taxa de juros de 3,4% ao ano.

Duas instituições financeiras são habilitadas pelo governo federal para liberar recursos do Fies, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Na região, ambos foram responsáveis por 9.948 contratos do programa apenas no ano passado. Esse número significa o desembolso de R$ 158 milhões dos bancos para os estudos. As informações são de contratações nas agências da região.

Mas muita gente ainda não conhece, ou não corre atrás, do Fies, afirma o professor de Relações Trabalhistas e Gestão de Recursos Humanos da Universidade Metodista de São Paulo, Luiz Silvério Silva. "Eles estão perdendo uma grande oportunidade", diz.

Segundo informações do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 89.737 moradores da região frequentavam o Ensino Superior particular naquele ano. Isso significa, de forma grosseira, que o número de estudantes que contrataram o Fies em 2012 representavam apenas 11% de todos que pagavam para assistir às aulas.

A auxiliar de farmácia Riane Rosa Duraes, 22 anos, moradora de Santo André, pertence ao pequeno grupo. Ela inicia em 2013 o segundo ano do curso de graduação em Farmácia. Desde o ano passado Riane conta com a ajuda do Fies para liquidar a dívida. "Atualmente pago R$ 50, a cada três meses, para abater apenas os juros", destaca a estudante.

Ela conseguiu financiamento de 100% do seu curso, que do primeiro ao quarto ano tem mensalidades de R$ 800 a R$ 1.100. "Com o meu salário e a ajuda do meu pai não conseguiria pagar. Por isso fui atrás do Fies", revela. Riane conta que apenas ela e o pai levam recursos para casa. "E a parte dele é mais direcionada aos meus irmãos mais novos. Como o dinheiro é curto, consegui o financiamento da totalidade do seu curso. E só começo pagar depois de 18 meses que me formar", comemora.

Silva destaca que, de acordo com sua experiência e convivência com empresas e alunos, tem percebido que as companhias valorizam mais o trabalhador graduado. Ele não soube mensurar, mas pontuou que os tecnólogos estão na moda atualmente. "E quem deseja ingressar em um curso nesta modalidade também pode contar com o Fies."

Se depender dos números da Caixa, o cenário está mudando. De 2010 para 2011, houve evolução de 112% no número de contratos firmados, de 551 para 1.169 registros. Em 2012, em relação ao ano anterior, a expansão atingiu 303%, tendo em vista que o banco assinou 4.721 operações, que somaram cerca de R$ 20,3 milhões em desembolsos.

Privados correm atrás das pós-graduações

As instituições financeiras não são habilitadas a oferecerem o Fies, no entanto, estão de olho neste segmento de mercado, e algumas vendem linhas para aqueles que pretendem pagar pós-graduação, mestrado ou doutorado.

No Bradesco, existe a linha CDC (Crédito Direto ao Consumidor) MBA Pós-Graduação, com limite de R$ 40 mil. Esta opção, informa o banco, possui duas modalidades de parcelamento, sendo uma delas de um a 12 meses com juros mensais de 1,68%. Para aqueles que precisam de mensalidades menos agressivas ao bolso, a instituição vende o crédito para liquidação entre 13 a 48 vezes, porém com juros maiores, de 1,78% ao mês. A linha é específica para cursos de MBA, pós-graduação e especialização.

No caso do Santander, o produto é apenas para correntistas que desejam estudar em instituições de ensino conveniadas ao banco. O financiamento vai até 100% do valor do curso, seja de MBA nacional, pós-graduação, especialização, mestrado ou doutorado. Segundo a instituição, a linha tem prazo de até 36 meses, com taxa de juros de 1,95% ao mês e o contratante tem até 90 dias para pagar a primeira parcela.

A Caixa Econômica Federal, que é uma empresa estatal, também conta com linha para MBA e pós-graduação. O limite de crédito é de R$ 30 mil, em até 36 meses, e os juros variam de acordo com a instituição de ensino escolhida e são fornecidos aos contratantes na agência, afirma a instituição financeira.

Gastos com ensino e material atingem R$ 1,2 bi

Neste ano, o Grande ABC vai desembolsar com ensino e materiais escolares cerca de R$ 1,2 bilhão. Este montante inclui tanto os gastos dos pais com os filhos na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, quanto o que será direcionado ao Ensino Superior.

Apenas de material escolar, as famílias da região têm potencial de consumo de R$ 111,5 milhões. Essa quantia representa expansão de 10,9% sobre as despesas do ano passado. Em valores monetários, representa acréscimo na economia de cerca de R$ 11 milhões.

Sem contar os materiais escolares, o potencial de consumo das sete cidades para Educação é de R$ 1,101 bilhão. Basicamente, será uma elevação referente à inflação do período, pois em relação a 2012, esses desembolsos vão aumentar na ordem de 5,15%. E o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), acumulou alta de 5,84% no ano passado. Este indicador aponta a inflação oficial do País para as famílias com renda entre um e 40 salários-mínimos.

Todas as projeções de potencial de consumo da região são da ferramenta Pyxis de Consumo do Ibope, que concedeu as informações com exclusividade à equipe do Diário.

QUEM PAGA - Segundo o levantamento do Ibope, o potencial de consumo per capita do Grande ABC com material escolar é de R$ 43,42 neste ano, alta anual de 10%.

As famílias que pertencem à classe de consumo B, grupo cuja renda média é de R$ 4.237 com base na última Pesquisa Socioeconômica da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), vão desembolsar a maior quantia com materiais, de R$ 54,6 milhões.

Em seguida aparecem os consumidores da classe C, cujo potencial de consumo é de R$ 42,2 milhões, as famílias da classe A, com previsão de gastos de R$ 9,1 milhões, e as classes D e E, com R$ 5,6 milhões.

 

 




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