Setecidades Titulo Estradas
Motorista precisa de sorte
para pedir socorro no
trecho de serra do SAI

Diário testou os telefones de SOS da Ecovias, concessionária
responsável; aparelhos só funcionam no planalto da Imigrantes

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
08/01/2013 | 07:00
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Usuários do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) enfrentam bastante dificuldade para pedir socorro por telefone nos trechos de serra das rodovias. Além das falhas no sinal de telefonia celular, call box espalhados pelas estradas apresentam problemas de manutenção. Na manhã de ontem, a equipe do Diário testou, aleatoriamente, 18 equipamentos de SOS e constatou falhas em 12 deles.

Para o teste, foram percorridos cerca de 96,7 quilômetros nas pistas Sul da Anchieta, Oeste da Cônego Domênico Rangoni e Norte da Imigrantes - a média foi um aparelho verificado a cada 5,4 quilômetros. O SAI tem o pedágio mais caro do Brasil, a R$ 21,20.

Na maioria dos telefones com defeito, uma gravação dizia que a chamada foi recebida e pede ao usuário que aguarde atendimento. A equipe de reportagem aguardou por cerca de cinco minutos e não conseguiu contato com a central de atendimento da concessionária. Em um dos aparelhos, era possível escutar ruídos de rádio, provavelmente vindos da base da Ecovias. No entanto, também não foi possível estabelecer diálogo.

Em três dos call box, mensagem eletrônica informava que "não foi possível efetuar a chamada", e orientava ao motorista que procurasse o próximo posto. Dois equipamentos estavam mudos, enquanto outros dois, no km 58 da Imigrantes e no km 272 da Cônego Domênico Rangoni, estavam danificados por ação de vândalos.

A Ecovias reconhece problemas em oito dos 12 telefones citados. A concessionária diz que consertaria dois deles hoje e que outros seis estão em manutenção, com previsão de término amanhã. Nos quatro restantes, a empresa diz ter conseguido entrar em contato com o centro de controle operacional. Ao todo, o SAI possui 298 aparelhos de SOS. A concessionária informa que, em 2012, foram substituídos 49 equipamentos e que o restante será trocado até o ano que vem. O investimento aplicado é de cerca de R$ 6,5 milhões.

Para especialista, índice de defeitos é alto

O índice de defeitos encontrados nos call box ao longo do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) é extremamente alto, segundo avaliação do engenheiro de tráfego e transporte Horácio Figueira. "Isso representa 66% de falha nos equipamentos testados. É muita coisa", constata.

Segundo o especialista, mesmo que os 12 aparelhos fossem os únicos com falhas em todo o SAI, a porcentagem já seria alta. "Isso representaria 4%, o que, para uma rodovia com o pedágio mais caro do Brasil, é muito elevado. O aceitável seria algo entre 1% e 2%."

A curta distância média entre os telefones inoperantes também é criticada. "Se fosse um a cada 40 quilômetros, seria mais compreensível. Deve ter muito mais aparelhos quebrados, ou será que vocês adivinharam todos os equipamentos com problema ao longo do trecho?", ironiza.

Para Figueira, a falta de manutenção coloca em risco a segurança dos usuários, principalmente nos pontos onde não há sinal de celular. "O perigo de assalto é alto. Sem contar que, no trecho de serra da Anchieta, não há acostamento, o que aumenta a possibilidade de acidentes."

A Ecovias informa que as 144 câmeras em todo o SAI ajudam a empresa a identificar necessidade de socorro. Além disso, a concessionária sugere contato por meio do telefone 0800-19-78-78.




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