Segundo dados do Censo 2010, divulgado pelo IBGE,
cerca de 630 mil se mudaram para uma das sete cidades
Um quarto dos moradores do Grande ABC não nasceu aqui. De acordo com dados do Censo 2010 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 630 mil pessoas se mudaram para uma das sete cidades em busca, principalmente, de melhores oportunidades de emprego e escolaridade.
A maior parte dos migrantes veio do Nordeste (67,30%). São pelo menos 423,6 mil moradores desse perfil espalhados pela região. A segunda colocação no ranking ficou com aqueles que migraram dos demais Estados do Sudeste - 131,3 mil moradores (20,90%). A região tem ainda 59.698 pessoas vindas do Sul, 8.932 do Centro Oeste e 5.719 do Norte.
Os números do Grande ABC seguem tendência nacional. A pesquisa destacou que 35,4% da população brasileira não reside na cidade onde nasceu. São Paulo é o Estado que mais recebeu migrantes na última década - 5,6 milhões de pessoas. Atualmente, são cerca de 8 milhões de não naturais residentes na metrópole paulistana - número que corresponde a 19,37% da população. Desses, cerca de 60% são do Nordeste.
Entre as sete cidades, a maior parte dos migrantes escolheu São Bernardo (31,79%). São 200,1 mil moradores com essa característica no município - um quarto da população, sendo 134,4 mil oriundos do Nordeste.
Diadema é a cidade que concentra a maior proporção de não-nascidos no município. Praticamente um terço dos moradores são migrantes - 124.630 pessoas.
Enquanto isso, Santo André recebeu 21,07% daqueles que saíram de sua cidade de origem rumo ao Grande ABC, Diadema 19,80%, Mauá 18,17%, Ribeirão Pires 3,70%, São Caetano 3,58% e Rio Grande da Serra 1,86%. Dos prefeitos eleitos, Paulo Pinheiro (PMDB), de São Caetano, é migrante baiano.
Entre os migrantes nordestinos, a maior parte saiu de sua cidade de origem em ação de fuga da seca e também em busca de emprego e educação.
SECA
Enquanto nas décadas de 1960, 1970 e 1980 o atrativo era a industrialização, atualmente, a região chama atenção pelos canteiros de obras na área da construção civil, explica o doutor em Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e professor da Anhanguera, Valderlei Furtado Leite.
Já aqueles que deixaram suas residências em outros Estados do Sudeste procuram escolarização e trabalho qualificado, segundo o especialista.
Nordestinos fogem da seca e buscam trabalho
O conhecido destino do nordestino também foi o escolhido pela família da estudante do último ano de Rádio e Televisão, Isabel Sales, 38 anos. Há cerca de 30 anos, a moradora do Jardim Zaíra 6, em Mauá, deixou o Ceará com os pais e 12 irmãos fugindo da seca e com a esperança de melhores condições de trabalho e vida.
"Não foi fácil", diz Isabel. Segundo a estudante, que tinha 11 anos na época em que deixou sua cidade de origem, a impossibilidade de pagar aluguel e a dificuldade de conseguir emprego obrigaram a família a se mudar para o loteamento conhecido como Chafic, área de risco mauaense. "Tenho inúmeros vizinhos com história de vida parecida com a minha", destaca.
Apesar das dificuldades e de lutar desde a juventude pela regularização do espaço em que vive, Isabel revela que aprendeu a amar o lugar. "Nunca voltei ao Ceará. Me apaixonei por São Paulo", garante.
ENTOADA
São Caetano realiza hoje o segundo dia da 4ª Entoada Nordestina. O Bosque do Povo (Estrada das Lágrimas, 320, bairro São José), recebe shows, apresentações, manifestações e tradições nordestinas das 12h às 22h.
Neste ano, a festa gratuita homenageia os 100 anos do compositor Luiz Gonzaga. Um dos destaques do dia será o Cortejo de Figuras, com a Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico e Dança pelas ruas da cidade às 18h.
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