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Um quarto da população
do Grande ABC é migrante

Segundo dados do Censo 2010, divulgado pelo IBGE,
cerca de 630 mil se mudaram para uma das sete cidades

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
21/10/2012 | 07:00
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Um quarto dos moradores do Grande ABC não nasceu aqui. De acordo com dados do Censo 2010 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 630 mil pessoas se mudaram para uma das sete cidades em busca, principalmente, de melhores oportunidades de emprego e escolaridade.

A maior parte dos migrantes veio do Nordeste (67,30%). São pelo menos 423,6 mil moradores desse perfil espalhados pela região. A segunda colocação no ranking ficou com aqueles que migraram dos demais Estados do Sudeste - 131,3 mil moradores (20,90%). A região tem ainda 59.698 pessoas vindas do Sul, 8.932 do Centro Oeste e 5.719 do Norte.

Os números do Grande ABC seguem tendência nacional. A pesquisa destacou que 35,4% da população brasileira não reside na cidade onde nasceu. São Paulo é o Estado que mais recebeu migrantes na última década - 5,6 milhões de pessoas. Atualmente, são cerca de 8 milhões de não naturais residentes na metrópole paulistana - número que corresponde a 19,37% da população. Desses, cerca de 60% são do Nordeste.

Entre as sete cidades, a maior parte dos migrantes escolheu São Bernardo (31,79%). São 200,1 mil moradores com essa característica no município - um quarto da população, sendo 134,4 mil oriundos do Nordeste.

Diadema é a cidade que concentra a maior proporção de não-nascidos no município. Praticamente um terço dos moradores são migrantes - 124.630 pessoas.

Enquanto isso, Santo André recebeu 21,07% daqueles que saíram de sua cidade de origem rumo ao Grande ABC, Diadema 19,80%, Mauá 18,17%, Ribeirão Pires 3,70%, São Caetano 3,58% e Rio Grande da Serra 1,86%. Dos prefeitos eleitos, Paulo Pinheiro (PMDB), de São Caetano, é migrante baiano.

Entre os migrantes nordestinos, a maior parte saiu de sua cidade de origem em ação de fuga da seca e também em busca de emprego e educação.

 

SECA

Enquanto nas décadas de 1960, 1970 e 1980 o atrativo era a industrialização, atualmente, a região chama atenção pelos canteiros de obras na área da construção civil, explica o doutor em Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e professor da Anhanguera, Valderlei Furtado Leite.

Já aqueles que deixaram suas residências em outros Estados do Sudeste procuram escolarização e trabalho qualificado, segundo o especialista.

Nordestinos fogem da seca e buscam trabalho

O conhecido destino do nordestino também foi o escolhido pela família da estudante do último ano de Rádio e Televisão, Isabel Sales, 38 anos. Há cerca de 30 anos, a moradora do Jardim Zaíra 6, em Mauá, deixou o Ceará com os pais e 12 irmãos fugindo da seca e com a esperança de melhores condições de trabalho e vida.

"Não foi fácil", diz Isabel. Segundo a estudante, que tinha 11 anos na época em que deixou sua cidade de origem, a impossibilidade de pagar aluguel e a dificuldade de conseguir emprego obrigaram a família a se mudar para o loteamento conhecido como Chafic, área de risco mauaense. "Tenho inúmeros vizinhos com história de vida parecida com a minha", destaca.

Apesar das dificuldades e de lutar desde a juventude pela regularização do espaço em que vive, Isabel revela que aprendeu a amar o lugar. "Nunca voltei ao Ceará. Me apaixonei por São Paulo", garante.

 

ENTOADA

São Caetano realiza hoje o segundo dia da 4ª Entoada Nordestina. O Bosque do Povo (Estrada das Lágrimas, 320, bairro São José), recebe shows, apresentações, manifestações e tradições nordestinas das 12h às 22h.

Neste ano, a festa gratuita homenageia os 100 anos do compositor Luiz Gonzaga. Um dos destaques do dia será o Cortejo de Figuras, com a Cia. Mundu Rodá de Teatro Físico e Dança pelas ruas da cidade às 18h.

 




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