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Casos de dengue caem quase 24% no primeiro trimestre

Especialistas apontam falta de chuva no período; alta incidência na Capital é motivo de alerta

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
16/04/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O número de casos autóctones de dengue, ou seja, contraídos na região, teve queda de quase 24% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2013. Os dados foram informados pelas prefeituras de seis cidades, e passaram de 76 no ano passado para 58 neste ano. Especialistas apontam que a falta de chuvas pode ser uma das causas, mas pedem que a população continue alerta por causa do aumento das contaminações na Capital e também das precipitações, que chegaram tardiamente.

A única cidade onde o número de contaminações aumentou em comparação com o primeiro trimestre do ano passado foi Diadema, que passou de 27 para 35 casos confirmados. A Prefeitura não informou o motivo do crescimento.

Em Santo André, foram 14 casos no primeiro trimestre de 2013 contra dez no mesmo período deste ano. Em São Bernardo, o número caiu de 32 para 13 e em São Caetano, de três para zero. Nas demais cidades, não houve casos de pessoas que contraíram a doença no próprio município em nenhum dos dois anos. Mauá, inclusive, não registra casos autóctones há três anos. Apenas Rio Grande da Serra não enviou os dados, que foram obtidos com o Centro de Vigilância Epidemiológica do governo do Estado.

Para o médico infectologista da Faculdade de Medicina do ABC, Munir Akar Ayub, a chegada tardia da chuva trouxe novos casos, já que o mosquito Aedes aegypti se reproduz em água parada. “Temos atendido mais pacientes. A tendência é que os números aumentem neste mês.”

Segundo o diretor do Civisa (Centro Integrado de Vigilância à Saúde) de São Caetano, Caio Willians Castro Júnior, o número de casos registrados na Capital, que cresceu 42% neste ano, é motivo de alerta. “Muitos moradores da região trabalham em São Paulo e podem ser picados por lá. Assim, o doente pode contaminar os mosquitos daqui, que passam a transmitir para os moradores.” Além disso, ovos do Aedes aegypti podem sobreviver até um ano na água parada, conforme explica o diretor.

São Caetano prepara mutirão de combate à dengue no dia 26, das 9h às 17h. A ideia é que as 100 equipes percorram os 15 bairros da cidade, com foco em residências, comércios e prédios.

SINTOMAS

Conforme Ayub, a dengue só pode ser diagnosticada entre cinco e seis dias após os primeiros sintomas, que são febre, dor muscular e manchas pelo corpo. “Há quatro tipos de dengue e a mais perigosa, a hemorrágica, ocorre quando há recontaminação. Neste caso, pode haver sangramentos e necessidade de internação”, destaca o infectologista.

Andreense reclama de criadouro em casa fechada

O administrador Carlos Rinaldo Muniz, 49 anos, descobriu sozinho criadouro do mosquito da dengue em imóvel vizinho ao seu, na Vila Pires, em Santo André. A residência está fechada há cerca de um ano e a laje, visível da janela de Muniz, acumula água parada.

O andreense voltou de viagem no início do mês e notou excesso de mosquitos no apartamento onde mora. “Matei alguns, coloquei num vidro e levei para o Centro de Controle de Zoonoses da cidade. Depois de alguns dias, me retornaram dizendo que era o Aedes aegypti.”

Desde então, Muniz aguarda providência da administração. “Não posso abrir mais as janelas de casa. Coloco veneno sempre que posso, mas a Prefeitura diz que não pode fazer nada porque se trata de propriedade particular e o dono não está. E como fica a saúde da minha família?”, questiona.

A Prefeitura informa que toda a região da Vila Pires foi tratada com bacillus esféricus para o combate ao mosquito da dengue no mês de fevereiro. Porém, quando a casa está fechada e não é permitida a entrada do agente, a administração alega que a única forma de vistoriar o imóvel é com ordem judicial. A Prefeitura garante estar em contato com a promotoria para verificar casos como o relatado por Muniz na cidade.

Além disso, hoje técnicos do Departamento de Vigilância à Saúde farão vistoria no endereço para tentar adentrar na residência.




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