Setecidades Titulo Tragédia
Cinco jovens morrem
no Tancão da Morte

Adolescentes se afogaram na tarde de ontem; desde
1990, lagoa já registrou pelo menos outros 33 óbitos

Por Fábio Munhoz
Rafael Ribeiro
30/01/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Andréa Iseki/DGABC


Cinco adolescentes morreram afogados no fim da manhã de ontem no Tancão da Morte, lagoa localizada dentro do Parque Guaraciaba, em Santo André. Outro jovem que estava com os garotos conseguiu se salvar e chamou o Corpo de Bombeiros. Desde a década de 1990, ao menos outras 33 pessoas perderam a vida na represa, que tem cerca de 50 metros de profundidade.

O único sobrevivente, Adilson Mendes Soares, 15 anos, relatou à polícia que o grupo de moradores do Jardim Oratório, em Mauá, fugiu da aula e foi aproveitar o dia ensolarado para nadar. O delegado Marcos Alexandre Cattani, titular do 6º DP (Jardim do Estádio), afirmou que, como a entrada principal do parque é fechada, os jovens acessaram o lago pelo morro do bairro Cidade São Jorge.

Após seguirem uma trilha, os meninos chegaram à beira do lago. Adilson contou que o grupo havia levado bolachas, salgadinhos e refrigerantes para fazer piquenique durante o tempo de permanência do parque. Ele estava acompanhado de Matheus Santos Dias de Souza, 12, Anailton Severino da Silva, 15, David de Moura Martins, 15, Henrique Ferreira Lima, 15, e Douglas Roberto Santana da Silva, 17, o Xandão. Matheus e Henrique eram primos.

Segundo Adilson, pouco antes do acidente os meninos haviam decidido ir embora. No entanto, Xandão teria dito que queria dar um último mergulho. O garoto escorregou em uma pedra e caiu em uma parte mais funda da represa. Ao perceberem que ele estava em perigo, os amigos pularam na água para tentar salvá-lo, mas também não conseguiram sair. Do lado de fora, Adilson tentou resgatar os colegas com um pedaço de pau, mas os cinco já estavam desacordados. O sobrevivente, então, fugiu para procurar ajuda. “Foi assustador”, disse o menino.

O Corpo de Bombeiros foi ao local, mas encontrou os garotos sem vida. O prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), foi ao IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André e afirmou que os exames necroscópicos apontaram que as vítimas não haviam consumido álcool ou substâncias tóxicas.

O comandante da Guarda Civil Municipal de Santo André no entorno do parque, Laércio Poletti, afirma que o monitoramento do espaço é feito 24 horas por dia. Ele reconhece que o fato de a área ser grande e cercada por morros dificulta a fiscalização.

 
 

Grana quer acordo com a Justiça para aterrar o lago

O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), afirmou ontem que pretende fazer acordo com a Justiça para que o Tancão da Morte deixe de existir. Para isso, seria feito o aterramento da represa. A lagoa fica localizada em área de proteção de mananciais, o que dificulta a execução de obras preventivas no espaço, que no passado era utilizado para exploração de areia e pedra.

“Para mim, a solução é aterrar essa área, para que a gente não corra nunca mais esse tipo de risco. Mas, para isso, a gente tem que entrar em entendimento com o Judiciário e o MP (Ministério Público)”, explicou o prefeito. A área foi fechada para visitação pública em 2005. No ano seguinte, ação civil pública ingressada pelo MP determinava a instalação de itens de segurança, como muros e portão com cadeado.

Grana ressaltou ainda que a Prefeitura irá investigar as rotas que os jovens podem ter percorrido para chegar até o lago. “Vamos investigar, apurar e buscar solução definitiva para que a gente possa, de forma imediata, aumentar a vigilância”, acrescentou o chefe do Executivo.

Outra solução estudada pela administração municipal é a assinatura de uma PPP (Parceria Público-Privada) para transformação do local em parque aberto e com os devidos instrumentos de segurança. No ano passado, a Prefeitura recebeu da empresa Emparsanco proposta para desenvolver esse projeto. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;