Continua o mistério sobre a destruição de documentos de prestações de contas de campanhas políticas no cartório da 166ª Zona Eleitoral de São Caetano. Ainda não se sabe a quais partidos ou candidatos os papéis rasgados se referem. Três funcionárias do cartório foram flagradas, no último dia 14, rasgando a documentação no banheiro masculino da repartição, no prédio sede da Câmara. A chefe do cartório, Ana Flávia Bellucci Leite, recolheu a papelada no cesto de lixo. Alguns eram originais e não há confirmação se existem cópias. Ela registrou BO (Boletim de Ocorrência) em uma delegacia da capital. As suspeitas do crime não foram afastadas de suas funções. Nesta terça-feira, as servidoras denunciadas por Ana Flávia não quiseram falar sobre o assunto.

O delegado Moisés Maximiano Barretos, titular do 1º DP de São Caetano, que passou a investigar o caso, ainda não recebeu as provas do crime (os papéis rasgados), que continuam em poder da chefe do cartório. Ana Flávia ficou de apresentá-las assim que for chamada a depor, o que deve ocorrer ainda esta semana.

O juiz titular da 6ªVara Cível e 166ªZona Eleitoral de São Caetano, Marco Aurélio Pelegrini de Oliveira, não descartou a hipótese de represália. "Existe um problema contra ela (Ana Flávia), que está no cartório há pouco tempo. Há resistência daqueles que estão há muitos anos trabalhando no local." Vinda de São Paulo, Ana Flávia está em São Caetano há apenas sete meses. No BO, ela diz que há pouco tempo foi feito um abaixo-assinado para que fosse transferida, mas Oliveira não aceitou o pedido.

Já os vereadores de São Caetano, que tiveram sessão nesta terça-feira, fizeram poucos comentários a respeito do ocorrido no cartório eleitoral da cidade. O líder do governo, Gilberto Costa (PP), foi direto: "Não tenho competência para falar do assunto, este é um espaço que não me compete."