Seis taxistas do interior e da capital de Minas Gerais desapareceram entre os dias 23 de julho e 24 de agosto. Os corpos de três deles já foram localizados em São Bernardo e poucas são as expectativas de encontrar os demais com vida. Para todos os casos as polícias de São Paulo e Minas acreditam haver um único assassino, que está foragido: Anestor Bezerra de Lima, 30 anos, ex-motorista de ônibus em Diadema, onde não é visto há um ano.

A polícia acredita que Anestor seja o maior psicopata da Grande São Paulo desde a prisão de Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, em 1998, que responde por sete mortes.

Todos os taxistas desaparecidos trabalhavam em cidades no norte e leste de Minas e teriam sido contratados por Anestor para que fizessem corridas até a capital paulista. Em cinco casos, testemunhas reconheceram por foto o ex-motorista como contratante do serviço.

Até esta terça, dois corpos encontrados na estrada Capivari e estrada da Água Limpa, ambas em São Bernardo, haviam sido reconhecidos por familiares das vítimas. Foram mortos com tiros na cabeça. Nenhum dos carros foi localizado.

Os mortos: Hélio Gualberto Lord, 53 anos, da cidade de Lassance, e José Wanderlei de Souza, 39 anos, de Iapim. Um terceiro corpo, localizado na mesma região no dia 25 de julho, passará por reconhecimento nesta quarta.

A série - O desaparecimento do taxista Edmárcio Martins, 22 anos, em 23 de julho, deu início às investigações. O taxista deixou a cidade de Porteirinha em seu Vectra para fazer uma corrida a São Paulo. Anestor Lima teria se apresentado como Daniel e disse que era fiscal da Receita Federal. Martins nunca mais foi visto. Como fez em todas as outras cidades, Anestor teria se hospedado em hotéis e conquistado a confiança das pessoas.

Em 5 de agosto, José Wanderlei da Silva deixou Iapim com um passageiro de São Paulo. O homem se apresentou como técnico de informática. O corpo de Silva, localizado em 6 de agosto em São Bernardo, foi reconhecido nesta terça.

Hélio Gualberto Lord, 53 anos, deixou Lassance no dia 9. Um irmão dele reconheceu o corpo, achado também em São Bernardo, sete dias após o sumiço. Ele aceitou fazer a corrida para um passageiro que se apresentou como instalador de antenas de TV.

Segundo a polícia, em apenas um caso a testemunha não reconhece Lima como a pessoa que contratou os serviços de táxi da vítima.

Trata-se do quarto caso, ocorrido em 12 de agosto. Desde então, Flávio Augusto de Souza, 29 anos, está desaparecido. Ele teria sido abordado por um homem na rodoviária de Belo Horizonte para que o levasse até Campinas.

As testemunhas ouvidas pela delegada Cristina Coelli Cicarelli, da Delegacia de Pessoas Desaparecidas de Minas, não reconheceram Anestor como o contratante da corrida. “Mas ainda não o descartamos nesse caso”, disse a delegada.

Foi no quinto caso, cuja vítima é Willian Xavier de Carvalho, que a pessoa conseguiu a identificação do ex-motorista. Carvalho foi contratado por ele para levá-lo de João Pinheiro para São Paulo. Anestor Lima participou de um churrasco na cidade antes de solicitar a corrida, e foi filmado nesse evento. Com a imagem em mãos, a polícia mineira rastreou as passagens do suspeito pelo Estado e descobriu que ele usava um documento falso, que traz seu nome e foto. Os demais dados, no entanto, são de uma mulher de Santo André. A polícia apurou também que ele tinha um celular pré-pago. O número foi rastreado e constatou-se que teria sido usado em Diadema.

A polícia da capital foi a delegacias de Diadema e descobriu que o homem que aparecia no vídeo era Anestor, que já tinha três passagens por estelionato e uma por furto.

O sexto caso foi revelado nesta terça. Daniel de Souza Lima, 19 anos, desapareceu em 24 de agosto passado. Ele teria sido contratado pelo ex-motorista em Pouso Alegre para levá-lo a São Paulo. Naquela data, Daniel teria sido visto deixando a cidade em sua van Sprinter. No banco do passageiro, estaria Anestor, que se apresentou com outro nome e como engenheiro da empresa Siemens.

Segundo a polícia, Anestor teria sido visto a bordo da Sprinter, em Diadema, dias após o crime. Também teria sido visto a bordo do Vectra e do Astra de duas vítimas.

“Trata-se de uma pessoa que comete os crimes visando o patrimônio, que é o carro. Mas é um homem que não tem controle nenhum e não hesita em matar”, disse o delegado Marcos Carneiro de Lima, titular da Delegacia de Homicídios de São Paulo. O delegado afirmou acreditar que se trate de alguém com distúrbios psíquicos.