Pelo menos 400 militantes do PT ocuparam sábado as calçadas da avenida Barão de Mauá em frente ao comitê eleitoral do partido para comemorar a decisão do Supremo Tribunal Federal - a mais alta Corte do país - que na sexta-feira garantiu ao candidato Márcio Chaves Pires o direito de voltar à disputa pelo comando da cidade. Fogos de artifício, camisetas e bandeiras vermelhas tomaram o ambiente. Boa parte dos carros que passaram pelo local buzinava para os manifestantes em tom de apoio. Márcio chegou quando a concentração estava no auge e acabou com a festa. Pediu que os militantes entrassem no prédio e lá dentro fez discurso em favor da moderação e da organização interna do partido para enfrentar os próximos passos da disputa.

A decisão do STF, proferida pelo ministro Eros Grau, garante a Márcio Chaves o direito de permanecer na disputa eleitoral até que o recurso extraordinário movido para reaver seus direitos seja julgado em definitivo. Márcio teve o registro da candidatura cassado em outubro de 2004 e apelou ao STF por considerar que há indícios de que o processo afronta a Constituição.

A liminar do STF garante que o candidato, vencedor no primeiro turno, está apto a disputar o segundo turno com Leonel Damo (PV). No entanto, os advogados de Damo ainda podem recorrer da decisão dentro do próprio STF. Damo reafirmou sábado que seu advogado, Tito Costa, viajará nesta segunda-feira a Brasília para apresentar o recurso. Damo espera que o apelo ao STF seja julgado em uma semana.

Embora a decisão do STF represente avanço importante no processo, ainda falta definir se haverá ou não segundo turno, a nova data de eventual eleição e também se poderá ou não haver campanha antecipada. Os partidos que lideram o processo tentam garantir apoio dos aliados no primeiro turno e tomar todas as precauções contra decisões jurídicas desfavoráveis.

No despacho proferido sexta-feira, o ministro Eros Grau determinou a imediata comunicação da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Tribunal Regional Eleitoral. Márcio disse sábado que cabe aguardar que o TRE marque nova data para realização do segundo turno - o que, segundo ele, independe de haver recurso apresentado por Damo contra a decisão. "Espero que meu adversário não recorra, porque isso representa querer ganhar no tapetão, sem eleição, mas sabemos que isso não vai acontecer", disse Márcio aos militantes.

O petista afirmou sábado, após discurso, que enquanto aguarda a manifestação do TRE, passará o fim de semana entre duas frentes: uma composta de advogados, para analisar os próximos passos na Justiça, e outra de articuladores políticos, para manter o apoio conquistado no primeiro turno e garantir novas adesões agora. Ele vive a expectativa de que o TRE defina em 20 dias a nova data de eleição.

"Estamos preparando a grande arrancada. Passamos a madrugada preparando a campanha, mas da mesma forma que vimos agindo com maturidade e paciência nos últimos oito meses, teremos de ter paciência nos próximos dias", afirmou. Márcio lembrou que foram exatamente oito meses entre 3 de outubro - data do primeiro turno vencido por ele - e 3 de junho, data da decisão do STF. "Se tivermos eleição em 20 dias, vai ser um parto. Finalmente vai nascer o prefeito de Mauá", afirma.

Damo -   Leonel Damo afirma que foi procurado sábado por pessoas de sua coordenação política interessadas em saber como agir  daqui por diante caso haja realmente segundo turno. "Expliquei que vamos aguardar. Não é assim tão fácil, porque ainda podemos apresentar recurso", afirmou. O candidato não quis dar detalhes da operação jurídica e sugeriu à reportagem que procurasse seu advogado, Tito Costa, que não foi localizado sábado.