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Quarteirão da Saúde de Diadema está no esqueleto
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
18/07/2005 | 08:18
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Nos primeiros seis meses do terceiro mandato do prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), não houve mudanças significativas na saúde e na urbanização das favelas Naval, Coca-Cola e Morro do Samba, apontadas pela polícia como principais pontos de tráfico de drogas na cidade. Menina dos olhos do prefeito, o complexo Quarteirão da Saúde - pronto-socorro adulto e infantil - foi prometido para o fim do ano. Mas até agora conta apenas com os esqueletos dos quatro blocos e recebeu investimento de R$ 7,3 milhões dos R$ 23 milhões previstos.

De sete ações citadas por Filippi na sabatina do Diário durante a campanha eleitoral, uma foi cumprida, quatro estão em andamento e duas ainda não surtiram resultado. O reajuste de 10% concedido em janeiro aos servidores não acabou com o déficit de médicos na rede, como previa o prefeito. Os profissionais querem salários mais altos e acabam saindo também porque receiam trabalhar na cidade, que tem fama de violenta.

Para a elaboração do 2º Plano de Segurança, iniciada no semestre passado, foram previstas e realizadas audiências com representantes da sociedade para colher sugestões. O Quarteirão da Saúde, apesar de apresentar cronograma atrasado, está em andamento. Faltam R$ 19,8 milhões para a conclusão das obras, sendo que R$ 16,5 milhões vêm do governo federal. O orçamento inicial será superado em mais de R$ 4 milhões.

O Pólo de Autopeças, que reúne e organiza empresas do setor para ampliar a atividade econômica, foi lançado em junho. O Pólo de Plástico ficou para uma próxima etapa.

A saúde é o principal alvo de ataques de vereadores de oposição ao governo. "Faltam médicos e remédios na rede", afirma o líder do PSDB na Câmara, Lauro Michels. A estudante Thaís Rezende Silva, 16 anos, conta que o irmão sofreu acidente de trânsito na quinta-feira e até as 12h de sexta aguardava vaga para cirurgia no Hospital Municipal Diadema. "Ele continua todo sujo. Foi atendido e recebeu os primeiros socorros, mas já era para terem feito a cirurgia", afirmou a estudante.

O Hospital Municipal opera com 50% além de sua capacidade. A esperança do prefeito Filippi é que parte da demanda de atendimentos migre para o Hospital Estadual de Diadema, que não é totalmente utilizado. O governo do Estado foi procurado pela reportagem e não respondeu até o fechamento desta edição. A Prefeitura afirma que no último semestre contratou 72 médicos em regime de emergência para a rede municipal.

Outro ponto criticado por moradores é a estrutura das UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Na sexta-feira passada, a dona-de-casa Maria Aparecida Barbosa de Lima, 40 anos, tentava pegar remédios simples, como o Dramin (para náuseas), para a filha Diana, de 4 anos, na UBS do bairro Inamar. Não conseguiu e foi orientada a voltar depois de uma semana. "Às vezes, nem soro para diarréia a rede pública tem", desabafou Maria Aparecida.

O médico da UBS Irani Guillaumon disse à reportagem que assumiu o cargo há uma semana e desconhece a estrutura da unidade. O médico anterior havia saído. A Prefeitura de Diadema explicou que a UBS Inamar passa por reestruturação, com readequação de funcionários. Também informou que há Dramin na unidade, mas só injetável.

Urbanização - O Morro do Samba é uma das áreas que despontam como líderes do tráfico de drogas na cidade. Para entrar na favela na sexta-feira, a reportagem teve de pedir permissão para três rapazes moradores. Após a equipe explicar a finalidade das fotos, eles liberaram a passagem.

A favela não foi totalmente pavimentada e em alguns pontos é impossível entrar de carro. A mesma dificuldade de acesso que a reportagem teve é sentida pela polícia, o que dificultaria o combate ao tráfico. Áreas internas do morro têm vielas de terra batida e esgoto ao céu aberto. A casa de dois cômodos onde Maria Inês Nascimento, 29 anos, vive com os seis filhos e o marido fica ao lado do cano de despejo de esgoto doméstico. "O que mais tem aqui é rato. Mas na hora de receber votos, o pessoal da Prefeitura conta com a gente", diz.

O prefeito Filippi afirma que hoje apenas 3% das favelas da cidade não foram urbanizadas e que pontos como o Morro do Samba são prioridade.




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