O promotor do julgamento dos atentados de 11 de março de 2004, em Madri, Javier Zaragoza, concluiu nesta segunda-feira que os ataques que deixaram 191 mortos e 1.841 feridos foram obra de uma célula radical islâmica, com o apoio da Al-Qaeda.

Ficou desqualificada, portanto,  a denominada teoria da conspiração, defendida por alguns setores conservadores espanhóis, segundo a qual o ETA teria manipulado os autores do massacre e a polícia teria ainda tentado esconder provas que incriminariam a organização separatista basca.

Zaragoga lembrou que já no dia seguinte aos atentados, foi descoberta uma van com uma gravação do Corão em seu interior e uma reivindicação em nome das "Brigadas Abu Hafs Al Masri" relacionadas com a Al Qaeda, e com isso "a linha de investigação estava clara sobre o terrorismo radical islâmico".

Ao expor o seu informe final, o promotor-chefe da Audiência Nacional (principal instância penal espanhola) afirmou que "os atentados foram cometidos com o apoio da organização terrorista Al Qaeda: isto ficou suficientemente provado no processo".

Na 46° sessão do julgamento, que é realizado desde 15 de fevereiro passado e no qual são processadas 28 pessoas, a maioria árabe, o promotor declarou que "o pior atentado da história da Espanha foi obra de uma célula vinculada ao "jihadismo" e à Al-Qaeda, organização terrorista que está atrás da maior parte dos atentados que acontecem no mundo".

No começo do processo havia 29 acusados, mas todas as acusações retiraram as queixas contra Brahim Moussaten, absolvido em 4 de junho pelo presidente do tribunal, o juiz Javier Gómez Bermúdez.

Por outro lado, as defesas dos 28 acusados pelos ataques com bombas contra quatro trens madrilenhos, solicitaram a absolvição de seus clientes e a anulação do julgamento.

Na segunda-feira passada, a promotoria elevou o pedido de pena dos acusados de 270.600 anos para 311.865 anos de prisão.

O megajulgamento pelos atentados em Madri deve ser concluído em meados de julho, mas a sentença só se tornará pública em outubro.