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Catador ganha espaço no mercado
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
26/10/2010 | 07:10
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Coletar e produzir itens por meio de materiais recicláveis. Os catadores começam a ser vistos não apenas como pessoas que recolhem e fazem a divisão de itens, mas como profissionais, que transformam o que antes era visto como lixo, em produtos com valor agregado. Uma profissão que anda de mãos dadas com a sustentabilidade e visa a preservação do meio ambiente.

A partir da ideia de um catador, em transformar garrafas PET em varais de roupa, cooperativas e associações de reciclagem poderão profissionalizar seus associados. "Aquela imagem do catador andando pelas ruas e puxando carrinhos ficou para trás. Somos profissionais", conta Claudinei de Lima, criador da máquina e prestador de serviços da Coopcent-ABC (Cooperativa Central de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis do Grande ABC), atuante nas sete cidades.

Lima é o autor do equipamento que será reinaugurado na quinta-feira (28). Antes improvisada, a ideia foi passada à empresa Fragmaq, de Diadema, que é quem está produzindo o equipamento agora.

Por isso, ontem, a Cooperativa lançou o projeto Rede ABC 2010 - Catadores gerando renda. Com patrocínio da Petrobras (Programa Desenvolvimento & Cidadania), as dez entidades ligadas a Coopcent-ABC poderão ter uma máquina para produzir varal de roupa.

"Nos últimos meses a produção estava parada, pois não tínhamos maquinário suficiente. Agora vamos voltar a fabricar e, consequentemente, os associados irão aumentar a renda. Isso porque, a Petrobras vai arcar com a compra dos equipamentos", conta a tesoureira da entidade Maria Penha Aparecida Cunha Guimarães.

Atualmente, a renda mensal de catadores de recicláveis na região varia entre R$ 400 e R$ 1.000, dependendo do volume de produtos arrecadados.

Além disso, o projeto visa ter no comando da cooperativa três catadores, que irão representar a classe. "Isso mostra que somos profissionais de verdade, vamos além do mecanismo de recolher materiais e separá-los. Vamos operar máquinas e produzir novos itens, de forma a melhorar nosso trabalho", explica Maria Penha.

Segundo Lima, a ideia é que cada entidade tenha, posteriormente, sua própria máquina para produzir e abastecer a cidade.

Hoje, os catadores recolhem itens pela cidade (que pode ser feito de porta em porta ou com a ajuda de caminhões de coleta seletiva das prefeituras), separam o material e comercializam os produtos entre empresas e indústrias. Agora, irão produzir os varais. Por isso, Lima irá oferecer assessoria durante um ano na Coopcent-ABC. "O catador de hoje opera máquinas, produz. Somos vistos como trabalhadores", completa.


Varal é feito com apenas duas garrafas PET

Para produzir 10 metros de varal de roupa é preciso apenas duas garrafas PET. A Coopcent-ABC (Cooperativa Central de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis do Grande ABC) paga às entidades vinculadas a ela R$ 1,20 por cada quilo de PET.

Cada 10 metros de varal é vendido a R$ 0,60 para empresas de distribuição, que por sua vez repassam a R$ 0,70, em média. "Quando chega ao bolso do consumidor o item custa R$ 1, aproximadamente", conta Claudinei Lima, prestador de serviços da Coopcent-ABC.
Por mês, a Cooperativa produz 5.000 varais. Com o novo maquinário, a produção deverá crescer, mas ainda não projetam índice.

O destino principal do varal de roupa são supermercados, lojas de R$ 1,99 e pequenos mercados, de bairro. "É um item que sai muito bem. Todos nós precisamos. Além disso, é resistente e quando trocado pode ser novamente reciclado", destaca Lima.




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