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Mistério: os turistas adoram
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
29/05/2005 | 08:22
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Visitantes chegam a Paranapiacaba atraídos por bucolismo, história ferroviária e lendas assombradas. Os turistas comparecem em número crescente para acompanhar eventos como o Festival de Inverno, mas também os casos do além, as lendas. "É um grande atrativo, os visitantes gostam de ouvir essas histórias. Mas sempre começamos assim ‘diz a lenda..., que é para separar fato de ficção. É da lenda, no entanto, que eles gostam mais", diz Eduardo Pin, monitor ambiental e secretário da AMA (Associação dos Monitores Ambientais).

Francisca Cavalcanti de Araújo, artesã, poeta e moradora da Vila, quer mesmo é que falem de Paranapiacaba. Ela criou muitas histórias, mas a seguinte, jura que testemunhou: "Antigamente, a gente ia por roupa para secar lá onde é o Museu Funicular. Era umas 19h, eu estava sozinha, quando ouvi um choro e vi velas acesas perto do vagão fúnebre (que está no museu). Vi uma mulher chorando por seu marido que havia morrido esmagado pelo trem – acidente que eu havia testemunhado meses antes. Sangue escorria do caixão e então o vagão começou a se mover lentamente. Nunca mais voltei lá".

A famosa neblina também estimula lendas. Quando ela vem – e sempre da Grota Funda, de sul para oeste, segundo Pin – moradores dizem "a noiva está chegando!". Há pequenas variações da história de sua origem. Diz a lenda que uma moça católica filha de imigrante português, pobre, e um rapaz rico, com emprego na ferrovia, filho de ingleses, mas protestante, se apaixonam e decidem se casar, embora fosse um romance proibido.

No dia do casamento, na igreja católica de Bom Jesus de Paranapiacaba, a noiva estava pronta e o noivo não aparecia. Segundo duas versões da lenda, o noivo ou teria ido atender uma ocorrência urgente na Baixada sem tempo de avisá-la, ou teria sido mantido preso pelo pai no porão do Castelinho. A noiva, imaginando o pior, entrou na primeira locomotiva que descia a serra. "No abismo da Grota Funda ela se jogou. Nesse momento, lá da Vila, os moradores viram a névoa chegando e tomando a forma do rosto e do vestido da noiva", conta Daniela Bergamini, monitora de turismo e fez a produção local para o cineasta Emerson Muzeli no episódio de Paranapiacaba do documentário Lendas e Fantasmas do Brasil.

Ficar à noite no Clube União Lira Serrano é para quem tem nervos de aço, além de disposição para testemunhar acontecimentos que são, no mínimo, estranhos. Técnico eletrônico, Fábio Henrique Schneider, nascido na Vila, era tesoureiro do clube em 1992: "Era Sexta-feira Santa. Eu e dois secretários verificávamos carteirinhas de sócios. Só havia a gente lá dentro. Passou uma procissão e fechamos a janela em respeito. Escutamos a porta abrir lá embaixo, ouvimos passos na escada e o som dos cinco interruptores serem desligados.  Ninguém apareceu. Fomos olhar e as luzes estavam acesas, mas a porta trancada. Saímos de lá correndo". O arrepio ainda lhe percorre a espinha.




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