Economia Titulo Após 3 anos com turno único
Mercedes retoma 2º turno para produção de ônibus

Desde 2016 fabricação de coletivos era feita em jornada única; sindicato pede contratação por demanda

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/08/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A Mercedes-Benz do Brasil, montadora alemã com fábrica de pesados em São Bernardo, anunciou que vai retomar o segundo turno da produção de chassis de ônibus na cidade. A operação com turno único acontecia desde 2016. A mudança foi impulsionada pela renovação da frota dos coletivos em São Paulo. Ontem pela manhã, a empresa também anunciou que vai entregar R$ 1,4 bilhão de investimento em nova linha de caminhões em 2020.

Apesar de a firma declarar que, inicialmente, não há previsão de contratação para o novo turno, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC argumenta haver necessidade de admissão para a execução do trabalho.

Ao justificar a reativação do segundo turno, a montadora informou que comercializou lote de 1.600 ônibus urbanos para a Capital, que deverá ser entregue até o fim do ano. O montante faz parte do programa de renovação de frota paulistana e, segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e na América Latina, Philipp Schiemer, “é a maior venda da marca para as operadoras da Capital paulista”.

A empresa passa a operar com dois turnos nos segmentos de caminhões (como foi anunciado no início do ano) e ônibus e três turnos nos agregados. A ociosidade da fábrica da região caiu, nos últimos três anos, de cerca de 50% para 40%.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e coordenador do comitê sindical da empresa, Max Pinho, são cerca de 800 trabalhadores na linha, manutenção e planejamento de ônibus – 10% dos 8.000 empregados na Mercedes. Segundo ele, neste ano foram contratadas cerca de 90 pessoas para ajudar na montagem. “Desde o ano passado que a Mercedes está um pouco fora da curva do restante da indústria para a produção”, destacou. “Estamos em debate com a empresa para ver se haverá necessidade de mais contratações, já que temos volume excedente (com esse novo pedido).”

CAMINHÕES
Para o próximo ano, a Mercedes planeja entregar investimento de R$ 1,4 bilhão no lançamento de linha de caminhões mais focada no segmento de extrapesados. O valor é parte do montante de R$ 2,4 bilhões previsto para ser aplicado entre 2018 e 2022 e que envolve lançamento de produtos, novas tecnologias e serviços de conectividade com a modernização das unidades fabris.

Na manhã de ontem, a empresa anunciou a venda de 500 caminhões para as operações de transporte de bebidas da Ambev, sendo 230 produzidos em São Bernardo. De acordo com a Mercedes, é a negociação mais expressiva neste ano para um único cliente. A entrega dos primeiros pesados teve início neste mês e a estimativa é a de que todo o volume entre em operação até o começo do ano que vem.

Schiemer afirmou que acredita no potencial do mercado brasileiro e se mostrou otimista com a redução da taxa básica de juros, a Selic, de 6,5% para 6%. Porém, destacou a necessidade de aprovação das reformas da Previdência e tributária e investimentos em infraestrutura. “Um crescimento de 0,8% (previsão do PIB para este ano) não é sustentável para país como o Brasil e o maior problema hoje é a quantidade de desempregados. Precisamos melhorar a confiança do empresário e do consumidor para a economia crescer. Precisamos principalmente ter investimento em infraestrutura. O programa de privatizações está estruturado, mas ainda está muito devagar.” 

Empresa admite absorver ex-Ford

Após a GM (General Motors) assinar protocolo de intenções com a Prefeitura de São Bernardo para criar lista de prioridade na admissão de funcionários demitidos da Ford, a Mercedes-Benz se mostrou favorável à medida.

O presidente da montadora no Brasil e na América Latina, Philipp Schiemer, declarou que a empresa “está aberta” a debater a possibilidade. “Logicamente recebemos currículo de qualquer um e se tiver um ex-funcionário da Ford se candidatando será muito bem-vindo. Não tivemos nenhuma conversa mais concreta com a Prefeitura, mas acho a iniciativa muito positiva.”

No começo do ano, a Ford anunciou o encerramento das atividades da planta de São Bernardo, localizada no bairro do Taboão. A desativação deve acontecer até novembro, mas colaboradores estão sendo dispensados gradativamente. No fim da semana, por exemplo, 750 serão demitidos pelo fim da produção do New Fiesta em São Bernardo.

O prefeito são-bernardense, Orlando Morando (PSDB), avisou que, na próxima semana, quer agendar reunião com Schiemer justamente para debater esse assunto. “Planejei uma fila preferencial para os trabalhadores da Ford (dentro da Central de Trabalho e Renda). A gente vai fazer a triagem, como foi feito com a GM. Na próxima semana queremos buscar esse mesmo acordo com Mercedes. Estou muito otimista.”

Schiemer minimizou a saída da Ford ao ser indagado se o encerramento das atividades da concorrente enfraquece o mercado automotivo da região. “O negócio da Ford tem muito a ver com situação econômica do País e estratégia da empresa. Se tivesse em outro lugar teria a mesma decisão. Sempre falamos que a região tem de ser competitiva. É discussão contínua com os sindicatos. Nós temos bom diálogo, às vezes com opiniões diferentes, mas faz parte do jogo. O pessoal está ciente que para ficarmos aqui temos que ser competitivos.”




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