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Mano chega à telona
16/04/2010 | 07:00
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"As Melhores Coisas do Mundo" estreia hoje com 150 cópias em salas de grandes capitais e cidades do Interior (quatro delas na região), um circuito bem diversificado. O filme nasceu de um convite - a Warner do Brasil queria adaptar a série de livros de Gilberto Dimenstein com o personagem Mano. A diretora Laís Bodansky e seu marido, o roteirista Luiz Bolognesi, foram chamados para conversar. Ganharam carta branca.

O filme baseia-se nos personagens e no espírito dos livros, mas o roteiro é original de Bolognesi. O cinema brasileiro não tem por hábito frequentar o universo da adolescência.

Laís conta como seu filme nasceu. "Formamos grupos para conversar com adolescentes de escolas de São Paulo. Não eram grupos grandes. Às vezes, a coisa virava meio que uma terapia de grupo. Queríamos saber tudo sobre eles e como gostariam de se ver retratados na tela.

A proposta era fazer um filme do ponto de vista dos jovens. Eles foram incisivos. Não queriam se ver como numa comédia de Hollywood."

O perfil de pais separados era uma constante nos grupos. Quando Bolognesi colocava na roda o motivo da separação dos pais de "As Melhores Coisas", a reação meio que se repetia. "Havia um riso nervoso nos grupos, exatamente como no público das pré-estreias", conta Laís.

A adolescência é vista como era de extremos. "É a fase da transição, do cresça e apareça. Tudo é radicalizado, a euforia como a depressão." O roteiro é o mais ‘preciso' de Bolognesi. "E é o meu filme mais ‘técnico'. Tudo foi planejado. A própria improvisação - os jovens podiam reinventar os diálogos com suas palavras, mas, até quando isso ocorria, o timing tinha de ser mantido."

Os atores jovens foram escolhidos por testes. Francisco Miguez é Mano, Gabriela Rocha é a amiga. Fiuk, o irmão mais velho, sofre o mesmo estigma de Rodrigo Santoro na época de Bicho de Sete Cabeças. É bonito, fez Malhação na Globo. Laís não se intimida. "O importante é fazer a sensibilidade aflorar para que o ator sirva ao personagem."

Denise Fraga aparece contra a corrente, num papel bem dramático. "Denise estava querendo alguma coisa assim. Foi de uma entrega muito grande."

Laís tinha medo de uma cena, a dos ovos. Achava exagerada muito ‘mexicana'. Houve uma intensa preparação, a cena foi ficando para o fim e é uma das mais fortes. "Tudo se resolve com trabalho", ela avalia.

O filme discute a cidadania quando os jovens são estimulados a vencer seus preconceitos. É também a história de amor de dois irmãos e, no limite, sobre como um salva o outro. "Foi assim que filmei", a diretora concorda.

Os jovens pediram a cena do baseado, mas, como ela é vista do ângulo deles, o assunto é minimizado. "Eles experimentam, não são viciados, é tudo."

Os Beatles eram referência musical em todos os grupos de jovens. Laís queria usar "Black Bird". Os direitos eram impensáveis. "Something" era mais viável. A diretora prestou atenção à letra. Era perfeita. "As Melhores Coisas do Mundo" faz jus ao título. É, realmente, uma das melhores coisas do cinema brasileiro atual.




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