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Inflação castiga mais idoso do que as famílias em geral
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/07/2010 | 07:02
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O idoso teve maior peso no bolso com a inflação deste ano do que a média das famílias brasileiras. De janeiro a junho, o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade) aumentou 3,62%. Enquanto isso, o IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor - Brasil) subiu 3,59%. O primeiro indicador apresenta a inflação para as famílias compostas, em maioria, por pessoas com mais de 60 anos e renda mensal entre um e 33 salários-mínimos. Já o segundo responde pelo consumidor brasileiro em geral. Os levantamentos são do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

De acordo com o pesquisador do Ibre-FGV e responsável pelo estudo, André Braz, não é de hoje que os mais velhos sofrem mais com o avanço dos preços. "De 2004 para cá, o IPC-3i subiu, aproximadamente, 33%. Por sua vez, o IPC-BR avançou 31%. São dois pontos percentuais, mas representam boa diferença nos preços entre os grupos", explicou.

A maior pressão, como para outras classes de famílias, foi dos alimentos, que subiram 5,81% no IPC-3i. Mas, segundo o pesquisador do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul) Lúcio Flávio Dantas, os idosos têm grande pressão pelos custos dos medicamentos e serviços de saúde. Esta categoria, no IPC-3i, acumula alta de 3,08% no ano, principalmente alavancada pelo reajuste dos remédios ocorrido no fim de março.

O médico clínico-geral Guilherme Hideo Sakemi comentou que é corriqueiro que as pessoas acima dos 60 anos sofram de hipertensão, diabetes e colesterol. "Principalmente hipertensão, pois a pressão arterial tende a subir junto com o envelhecimento." O especialista diz que algumas pessoas tomam até cinco princípios ativos diferentes para hipertensão. Mas para estes males, ele indica os postos de saúde, que distribuem gratuitamente os medicamentos, e a farmácia popular, cujos preços são reduzidos.

Dantas resume que os planos de saúde acabam sendo os vilões para a classe. "Quanto mais idade, maiores são as taxas." Ele também destaca que a busca pela inclusão digital e tecnológica aumenta o custo de vida dos mais velhos.

Fotografia - É o caso da moradora de Santo André e aposentada Maria Aparecida Claro. Com 74 anos, ela pretende contratar TV por assinatura daqui a dois meses e, ainda, não deixa de colocar crédito no celular pré-pago, ao menos, uma vez a cada três meses. "Eu até tiro fotos com ele. Depois meu sobrinho coloca todas no computador", destacou.

Estas tecnologias estão incluídas no grupo despesas diversas do IPC-3i e subiram, em média, 3% no acumulado de 2010.




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