Se a direção nacional do PV optar pela neutralidade no segundo turno das eleições e liberar os militantes para apoiar candidato com quem têm mais afinidades, as lideranças do partido no Grande ABC não têm dúvidas: vão de José Serra (PSDB) para presidente.

Após a candidata do PV, a senadora Marina Silva, conquistar quase 20 milhões de votos no dia 3, PT e PSDB disputam acirradamente o apoio da legenda para o segundo turno. Na região, a verde teve cerca de 20% dos votos válidos.

Segundo conversas de bastidores, o PV deve seguir o posicionamento de Marina e se manter neutro. Entretanto, os militantes terão liberdade para fazer campanha para o candidato que acharem mais afinado com suas ideologias.

Esta tese deve ser confirmada hoje, em convenção nacional do partido realizada na Vila Madalena, em São Paulo, a partir das 10h.

Grande ABC - O Diário consultou todos os 11 vereadores e presidentes municipais do PV nas sete cidades e constatou que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tem baixa adesão - apenas o vereador de Diadema Milton Capel declarou apoio à petista.

"É o mais natural, já que na Câmara e na eleição (de 2008) fui sustentação do governo Mário Reali (PT)", afirmou Capel. Entretanto, ele admite mudar de ideia se o PV decidir pela adesão à candidatura tucana. "Não posso ter posicionamento contrário ao meu partido", frisou.

Por outro lado, nove verdes manifestaram intenção de apoiar Serra no segundo turno. O diretório de Ribeirão Pires, inclusive, se antecipou a qualquer decisão nacional e, puxado pelo prefeito Clóvis Volpi, que já foi presidente estadual do PSDB na década de 1990, fez ato de apoio ao tucano no início da semana.

A única dúvida é o vereador Koiti Takaki, que preferiu aguardar o posicionamento do partido antes de declarar seu lado. Porém, na cidade ele é dado como serrista certo.

Em São Caetano, o partido também estará unido em prol dos tucanos se o PV decidir pela neutralidade. "A tendência é acompanhar nosso prefeito (José Auricchio Júnior, do PTB), que é um dos coordenadores de campanha do PSDB na região", afirmou o presidente do diretório municipal, Juan Muñoz.

Tradicionalmente oposição ao PT em Mauá, os vereadores do PV sequer cogitam apoiar os petistas. "É uma questão de coerência. Se decidirem pela Dilma, vou ter que conversar e pedir para ficar de fora disso. Meus eleitores não entenderão", salientou o parlamentar Silvar Silva Silveira.

Por outro lado, há aqueles que preferem se manter neutros para negociar com os dois lados. "Estou propenso a acatar a decisão da Marina", revelou o vereador e presidente do PV em Santo André, Donizete Pereira.

Para ele, a conversa com os dois lados fará o PV vencer de qualquer forma. "Se quiserem convencer nossos eleitores, os candidatos terão que adotar o programa de desenvolvimento sustentável do partido. No fim, os dois estarão comprometidos com nosso projeto", afirmou.