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Quase 70% dos tomógrafos da região estão na rede privada

Apenas 21 aparelhos ficam instalados no SUS; população tem dificuldade para conseguir exame

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
13/01/2018 | 07:00
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Divulgação


 Essenciais para detectar alterações em ossos, tecidos, órgãos e outras estruturas do corpo e investigar nódulos ou tumores, além de vasos pulmonares e cerebrais, os tomógrafos existentes no Grande ABC estão concentrados, em sua maioria, na rede privada de Saúde. Dos 67 aparelhos contabilizados pelo DataSus (Sistema de Dados do Sistema Único de Saúde) em seis cidades (Rio Grande da Serra não conta com o equipamento), apenas 21 – 31,34% do total – estão disponíveis para usuários das unidades públicas. Em consequência, pacientes precisam encarar fila de espera pelo procedimento.

Embora a quantidade de tomógrafos do Grande ABC esteja próxima à recomendada pelo Ministério da Saúde para atender a demanda – um aparelho para cada 100 mil habitantes –, na prática, a oferta deste exame para a população assistida pelo SUS é desigual. Enquanto as cidades de Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires conseguiram regularizar a fila de espera pelo procedimento no ano passado, moradores de Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra ainda encontram dificuldade para ter acesso ao serviço.

De janeiro a outubro do ano passado, foram realizadas 78,7 mil tomografias na região, conforme o DataSus, número que equivale a 28 procedimentos para cada 1.000 habitantes. Apesar de superior à média do Estado de São Paulo, com 16,3 exames para cada 1.000 habitantes, o índice regional está muito abaixo do observado em países como o Chile, por exemplo, onde a taxa é de 50,2 tomografias para cada 1.000 habitantes. O Brasil produz uma média de 8,8 tomografias para o mesmo montante populacional.

A ajudante geral desempregada Maria Márcia Dias, 42 anos, revela que teve de esperar quase dois anos para que a filha, Daniela, 17, passasse pelo procedimento na rede pública de Ribeirão Pires, onde há um equipamento. “Ela sente muita dor de cabeça e ainda está sem diagnóstico, porque o exame foi feito no fim do ano passado. Agora que vamos marcar consulta com o neurologista para ele avaliar o resultado”, destaca a mãe. Desempregada, ela enfatiza a impossibilidade de pagar uma tomografia na rede privada. “Na época em que pesquisei custava uns R$ 400. Não temos condições”, diz.

O problema da família Dias, em Ribeirão Pires, é fruto da má administração pública, tendo em vista que o tomógrafo do município só passou a operar em novembro do ano passado, três anos após sua instalação. Até então, a rede encaminhava pacientes que precisavam realizar o exame com urgência para Mauá – apenas dez vagas por mês.

A população de Diadema também encontra dificuldade para conseguir realizar o procedimento na rede pública, onde estão instalados dois tomógrafos. Isso porque há pelo menos cinco meses, a Fidi (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), empresa contratada pela Prefeitura para administrar os serviços no Quarteirão da Saúde, retirou os equipamentos e os funcionários terceirizados do local por atrasos nos pagamentos do contrato. O município tem encaminhado os usuários da rede a outros hospitais da região e só tem feito procedimentos em casos graves ou urgentes, como ultrassonografia para gestantes em situação de risco.

Em São Caetano, 680 pessoas aguardam por agendamento do exame, realizado em dois equipamentos disponíveis na rede. A meta é reduzir o tempo de espera dos atuais 90 dias para 45 dias.

 

Ribeirão zera fila por procedimentos

Depois de Santo André e São Bernardo, que conseguiram equacionar a longa fila de espera por tomografia a partir da implantação de programas específicos, Ribeirão Pires foi a terceira cidade a comemorar o feito, no início do ano. A medida foi possível após gasto de R$ 190 mil para que o tomógrafo da cidade passasse a funcionar em novembro do ano passado, após três anos de sua compra.

“O aparelho estava instalado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Luzia, que é uma unidade de urgência e emergência e não comporta esse tipo de equipamento. Transferimos para o Hospital São Lucas e, após passar por manutenção, voltou a ser usado”, destaca a secretária de Saúde e Higiene, Patrícia Aparecida de Freitas.

A fila de espera pelo procedimento, que era de 452 pessoas, foi sanada em apenas um mês, conforme a secretária. “Fizemos uma busca dos pacientes, que estavam aguardando desde 2016, e conseguimos normalizar o atendimento. A média de atendimentos gira em torno de 30 por mês”, diz.

Em Santo André, o programa Saúde Fila Zero regularizou a espera pelo procedimento. Conforme a administração, não há demanda reprimida para realização de tomografia. As solicitações que chegam à central de regulação são agendadas para o mês subsequente. São Bernardo, onde o programa Saúde Prioridade zerou a fila de espera, o processo de agendamento de tomografias é dinâmico, de forma que as vagas são ocupadas à medida em que os exames agendados no mês anterior vão sendo realizados. Em janeiro, por exemplo, o número de exames disponibilizados (1.000) excedeu a quantidade de solicitações (700).




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