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Era uma vez um rio

Tragédia que ocorreu há dois anos inspirou peça em cartaz no Sesc Vila Mariana

Miriam Gimenes
13/01/2018 | 07:00
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Divulgação


O rompimento da barragem de rejeitos de minérios de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015, resultou na maior tragédia ambiental do Brasil. A quantidade de lama, cerca de 55 bilhões de litros, que sobrou deste desastre afetou diretamente a Bacia do Rio Doce – o impacto disso, dizem especialistas, ainda não é totalmente conhecido –, arrastou casas, matou 19 pessoas e afetou a vida de inúmeras outras.

E foi com base nos depoimentos colhidos por lá, uma semana depois do ocorrido, que Munir Pedrosa fez a peça Hotel Mariana, que estará em cartaz até dia 3 de fevereiro no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. A montagem tem direção de Herbert Bianchi.

Pedrosa diz que não conseguir ficar imune ao desastre. “No meio de um turbilhão de notícias, vendo aquelas pessoas dentro, o rio assassinado, me chamou atenção. Como assim mataram um rio? O que eu, como um artista, posso fazer? Não podia deixar essa história morrer”, analisou. Fez as malas e partiu para lá sete dias após o rompimento da barragem e percorreu os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo. “O cenário era apocalíptico. Fiquei nove dias lá colhendo depoimento das vítimas, conversei com 40 pessoas e, chegando aqui, ao ouví-los com Herbert, selecionamos dez.” Traçaram, assim, um panorama político, cultural e histórico dessa região do Brasil, por meio da simplicidade deles, que poderá ser vista no palco.

Entre as histórias que mais o tocou, destaca a de um pai que, ao ver a lama descendo, agarrou os dois filhos no braço. Com o impacto, a filha escapou de suas mãos, teve duas pernas quebradas e conseguiu, ainda assim, segurar o menino. A menina foi encontrada depois, morta. “Isso não tem indenização, nada que pague.” Pedrosa conta que voltou lá, no ano passado, e conversou com as mesmas pessoas. Elas não só continuam sem indenização como muitas estão tomando remédios psiquiátricos.

No palco, os atores usam fones de ouvido – inclusive o autor, que também está em cena – e reproduzem instantaneamente os relatos desses sobreviventes. A peça traz no elenco Anna Toledo, Bruno Feldman, Clarissa Drebtchinsky, Fani Feldman, Isabel Setti, Letícia Rocha, Marcelo Zorzeto, Munir Pedrosa, Rita Batata, Rodrigo Caetano e Gabriella Potye (atriz substituta).

Hotel Mariana – Teatro. Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141. Até 3 de fevereiro, sextas, às 20h30, e sábados, às 18h. Ingressos: R$ 20 (R$ 10 meia-entrada) e R$ 6 (Credencial Plena). À venda na bilheteria ou no site www.sescsp.org.br.




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