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Casos de câncer de pele têm alta de 31,4%

De janeiro a outubro de 2017, Grande ABC registrou 284 internações em razão da doença

Vanessa de Oliveira
08/01/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Com as altas temperaturas do verão, muita gente não resiste à exposição solar para garantir um bronzeado. No entanto, é preciso se cercar de cuidados para não entrar para as estatísticas alarmantes sobre o tipo de câncer mais frequente no Brasil: o de pele. De acordo com registros do DataSus (banco de dados do Ministério da Saúde), de janeiro a outubro de 2017 (último mês em que há informações no sistema), as neoplasias malignas de pele contabilizaram 284 internações no Grande ABC, número 31,48% maior do que o registrado no mesmo período de 2007 – 216 ocorrências. O problema causou a morte de dez pessoas no período analisado no ano passado, o dobro de uma década atrás.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a doença corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no País. Já o melanoma, outro tipo de câncer de pele, representa 3% das neoplasias malignas do órgão e é o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase.

As mudanças que o clima vêm sofrendo no decorrer dos anos pode ser um dos fatores agravantes para o aumento da incidência do câncer de pele, fala a oncologista do Inorp (Instituto Oncológico de Ribeirão Preto), Cristiane Mendes. “A camada de ozônio está sendo destruída, as temperaturas médias do Brasil vêm aumentando ao longo dos anos. Por mais que a gente faça campanhas de prevenção, a maioria da população não se previne.”

A especialista salienta que, apesar da pouca precaução ainda vista, a população tem ficado mais atenta às alterações na pele para buscar auxílio de especialista. “As pessoas estão procurando mais cedo o médico e pedindo informação”, pontua.

A maioria dos cânceres de pele é curável quando detectada precocemente. No entanto, a velha máxima do ‘prevenir é melhor do que remediar’ ainda é a opção mais sensata. “O horário que apresenta risco mais acentuado para exposição ao sol é entre 10h e 16h. O filtro solar (fator de proteção de no mínimo 30) ainda é um dos principais meios de proteção e deve ser passado a cada duas horas. O uso de bonés, chapéus e camisetas escuras também é recomendado, assim como o de óculos escuros com lentes de boa qualidade”, explica a professora de Dermatologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Cristina Laczynski.

A exposição descuidada ao sol traz ainda outros transtornos. “Os principais problemas são as queimaduras e o ressecamento, tanto da pele quanto dos cabelos e das unhas durante o verão. Ocorrem também em grande quantidade manchas nas áreas onde houve exposição solar mais intensa ou onde o protetor não foi aplicado como deveria ter sido feito. Outra dermatose comum no verão é a micose”, lista Cristina.

Após susto, prevenção passa a integrar rotina
Quem já foi acometido pelo câncer de pele passa a integrar à rotina cuidados necessários para se proteger dos raios de sol. Isso é o que garante a aposentada Bernadete Rocha Lima Silva, 74 anos, de Santo André, que trabalhou grande parte da vida na lavoura, exposta às altas temperaturas. “Não passava nada e nem sabia de nada sobre o que poderia causar o câncer”, conta Bernadete. Três anos atrás, carocinho na região da orelha surgiu. O tumor maligno foi tratado, mas o alerta se faz presente desde então. “Agora sempre uso protetor solar.”

O jornalista Vladimir Ribeiro, 38, também de Santo André, não tinha “cuidado nenhum” com a pele. Nem mesmo o aparecimento de mancha no rosto não o impulsionou a procurar médico. A resistência, que durou três anos, só foi vencida após insistência da mãe, que já havia sofrido com câncer de pele. “Marquei consulta na rede pública em junho do ano passado, mas até hoje não saiu”, reclama. No segundo semestre do ano passado, ressecamento na pele o levou a pagar por consulta na rede privada de Saúde. “Mostrei à médica a mancha no rosto e ela disse que era um pré-câncer”, ressalta. Duas semanas depois, o jornalista passou por cirurgia. Hoje, está curado e precavido. “A partir de agora tenho de me cuidar.”




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