Setecidades Titulo Mobilidade Urbana
Dia Mundial Sem Carro é ‘inviável’

Especialistas alertam que região ainda não está preparada para atender nova demanda de usuários de transporte público e de ciclistas

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
22/09/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


 No Dia Mundial Sem Carro, celebrado hoje, especialistas em Mobilidade Urbana alertam: municípios do Grande ABC ainda não estão preparados para lidar com possível aumento no número de usuários em seus sistemas de transporte público e até mesmo para adesão de mais pessoas em áreas de ciclovias espalhadas por seus territórios.

Embora ressaltem, de modo geral, a importância da campanha no trabalho de conscientização da população sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento diário, especialistas são enfáticos ao avaliar como “inviável” a mudança repentina de hábito da população.

“Se todo mundo deixasse seu carro em casa iríamos viver um verdadeiro colapso. O sistema viário ainda não oferece condições seguras para que isso ocorra”, destaca Luiz Vicente Figueira de Mello, especialista em Mobilidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

Diminuir de maneira significativa os congestionamentos diários registrados por cerca de 1,8 milhão de veículos que circulam pela região tem sido um dos principais desafios das prefeituras do Grande ABC. As ações colocadas em prática são inúmeras, desde a criação de corredores de ônibus até o aumento de ciclovias. No entanto, para especialistas, tudo ainda tem sido insuficiente para reverter o caos vivenciado por moradores em avenidas e ruas da região.

“Hoje, metade da população utiliza o transporte público para se locomover, mas o sistema já está saturado. Se esse número for ampliado ficará inviável. A mesma coisa ocorrerá se aumentar o número de ciclistas, pois aí teremos mais acidentes, já que não temos ciclovias suficientes, e os nossos próprios motoristas não estão preparados para respeitar essa mudança”, avalia Mello.

Realidade já vista em países da Europa, a substituição do carro pela bicicleta ainda carece de verdadeira conscientização de políticos e também da população em geral, na análise do professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto, que também é especialista em Transportes e Mobilidade Urbana e colunista do Diário. “É necessário que as pessoas tenham ciência dos benefícios dessa mudança. O quanto essa medida irá contribuir para o meio ambiente e para si mesma”, destaca.

Porém, assim como ocorreu em anos anteriores, boa parcela da população da região disse ainda desconhecer campanha do Dia Mundial Sem Carro. “Vi uma faixa em Santo André sobre isso, mas não lembrava que era amanhã (hoje). Mesmo assim fica difícil deixar o carro em casa. Já estou habituado a pegar minhas filhas na escola e ir trabalhar de carro”, disse o fisioterapeuta Anderson Fonseca, 35 anos.

Rotina bem diferente da enfrentada pela diarista Nair Fiario Lopes, 31, que há quase uma década adota o uso do seu veículo somente aos fins de semana. Junto de mais três amigas, ela pega diariamente carona com um vizinho para se locomover até o trabalho. “É uma maneira de economizar, pois dividimos os custos, e também de evitar mais carros na rua. Pagamos um valor para ajudar na gasolina e ele nos deixa cada uma no trabalho, e quando ele volta da empresa também pegamos carona. Todo mundo sai ganhando.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;