A principal testemunha no assassinato do professor de inglês Frederico Branco de Faria, morto na madrugada da terça-feira diante de uma barreira montada por militares na zona Oeste do Rio de Janeiro, confirmou a versão das Forças Armadas sobre o caso. Rosângela da Silva, namorada da vítima, que o acompanhava na ocasião, relatou que os militares deram ordem para que o carro parasse antes de abrir fogo. Faria, 55 anos, foi morto a tiros de fuzil.

Durante depoimento no 44ª Distrito Policial (Inhaúma), nesta quinta-feira, Rosângela disse que o namorado não parou o carro por temer que a barreira fosse falsa. Ela disse ainda que Faria já havia tentado evitar um bloqueio de policiais militares antes de cair na rua Silva Vale, onde estava montada a barreira dos soldados.

A versão do Comando Militar do Leste indica que "em face das atitudes suspeitas do motorista, aos militares não restou outra opção senão recorrer ao uso da força" – segundo nota oficial emitida na própria terça-feira. Segundo o Exército, além de não cumprir a ordem dos soldados para parar o Corsa azul escuro, o motorista ainda tentou atropelar um oficial que se colocou à frente do veículo.

A namorada do professor morto disse que ouviu os soldados gritarem "pára o carro". Ela relatou que não viu quem atirou. Os militares abriram fogo depois que o carro furou o bloqueio. Mesmo ferido gravemente, o professor ainda dirigiu por alguns metros até bater o carro.

Dois processos administrativos foram abertos para investigar o assassinato do professor. O Exército e a Polícia Militar querem apurar as circunstâncias da morte.