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PCC mata policial em Sto.André
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
14/05/2006 | 07:46
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Trinta mortos, 24 feridos, 24 rebeliões em unidades prisionais com 174 reféns e 62 ataques à polícia marcaram, entre sábado e sexta-feira, o maior ataque já promovido pelo crime organizado no Estado. A onda de atentados orquestrados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) deixou suas marcas na região. Em Santo André, um policial militar foi assassinado e uma delegacia foi atacada. Mais tarde, em Diadema, uma rebelião com 11 reféns sacudiu o Centro de Detenção Provisória. Em todo o Grande ABC, ruas das delegacias foram cercadas por viaturas para prevenir novos ataques.

“Se com os os policiais fazem isso, imagina com a gente”, comentou uma mulher ao ver como ficou a viatura da PM fuzilada por criminosos. O soldado Anderson Andrade, 26 anos, morreu no atentado, que envolveu sete homens, armados com fuzis e pistolas. O ataque ocorreu por volta das 4h na rua Coronel Seabra, no bairro Ipiranguinha.

O soldado Andrade e mais dois policiais, entre eles um oficial, montavam guarda fora da viatura 41309 quando foram atacados. Um Astra prata e um Peugeot preto se aproximaram e abriram fogo contra os PMs. “Fiquei de um lado, o outro policial do outro e o Andrade no meio. Eles estavam com fuzis. Nós tínhamos pistolas e uma metralhadora. Trocamos tiros e acho que foi o que nos salvou”, conta um PM que escapou da morte. O projétil que matou Anderson atravessou o veículo e atingiu o baço do soldado, ao lado do colete à prova de balas. O projétil ficou alojado no tórax do policial, que foi encaminhado ao Centro Hospitalar de Santo André, onde morreu após cirurgia.

Uma viatura da Força Tática da PM localizou o Pegeout e passou a persegui-lo. Na rua Amazonas, Vila Bastos, os criminosos bateram. Houve troca de tiros. Um criminoso morreu, outro ficou ferido no ombro e o último foi preso. A Secretaria da Segurança Pública não divulgou o nome dos três. Há suspeita, segundo policiais, de que um dos três seja responsável pelo ataque ao CDP de Santo André com um míssil, no ano passado. O Astra foi abandonado na favela da Gamboa, em Santo André.

Vítimas – Outros 17 homens foram presos no Estado. Entre os mortos, quatro são criminosos. Os demais são policiais militares (12) e civis (6), guardas municipais (3), agentes penitenciários (4) e cidadãos comuns (1).

O terror orquestrado pelo crime organizado começou após o governo estadual descobrir um plano para uma megarrebelião que seria realizada neste domingo. Dez líderes do PCC, entre eles o líder máximo da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foram isolados na sede do Deic (Departamento Estadual de Investigações sobre o Crime Organizado) nos últimos dias. Outros 750 presos foram transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Bernardes.

O 2ºDP de Santo André, no bairro Camilópolis, foi atacado com tiros na noite de sexta-feira, sem feridos. Quatro homens em uma Parati branca atiraram três vezes contra a Polícia Civil. Na noite de sábado, havia rumores de que uma base da PM havia sido atacada no bairro Taboão, em São Bernardo, e que um policial havia sido seqüestrado e baleado, depois de conseguir fugir. A Polícia Militar não confirmou as informações.

Despedida – Centenas de amigos e familiares, entre eles muitos policiais, se reuniram na tarde de sábado no enterro do soldado Andrade, no Cemitério Santo André, na Vila Humaitá. Ele era policial havia seis anos, segundo familiares, e atuava na 3º Companhia do 41º Batalhão. Anderson Andrade era solteiro, tinha dois irmãos e morava no condomínio Maracanã, em Santo André. A irmã dele, Andreza Torres, 27 anos, diz que Andrade amava a profissão. É o primeiro morto em serviço no 41º Batalhão, criado no ano passado.

O cunhado de Andrade, Alex Torres, 30 anos, se queixa da impunidade e da Justiça. “Acho também, que, se ele tivesse equipamentos melhores, teria mais chance de sobreviver.”

Crime – A ação dos últimos dias superou a megarrebelião promovida pelo PCC em 2001, quando vinte e nove unidades prisionais do Estado fizeram uma megarrebelião que deixou pelo menos 15 presos mortos. Em 2003, criminosos utilizaram pela primeira vez a tática de atacar a Polícia Militar, com 51 bases da PM atingidas e saldo de dois policiais militares e um guarda municipal mortos. Entre sábado e sexta-feira, as modalidades de ataque foram unificadas e o estrago, potencializado.

O PCC foi criado em 1993, na Casa de Custódia de Taubaté. Inicialmente, a meta do então pequeno grupo era melhorar as condições de vida dos presos dentro do sistema penitenciário. Mais tarde, com o crescimento da facção e deturpação dos objetivos iniciais, o PCC se tornou o inimigo número um do governo do Estado. A ponto do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegar a atribuir motivos políticos para as investidas da facção. (Colaborou Verônica Fraidenraich)




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