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Rolando Boldrin volta à TV após sete anos
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
05/07/2005 | 08:13
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É nesta terça-feira que o Sr. Brasil sai da gaveta. Quem puxa a alça a partir de 22h na Rede Cultura é Rolando Boldrin, que volta ao comando de um programa de TV sete anos depois de sua última incursão e 24 anos depois de sua estréia como apresentador. O batismo do programa saiu na sexta-feira, 24 de junho, dia de São João, padroeiro das festas juninas típicas do interior. "Se é para batizar um programa, tem de ter Brasil. Desde moleque canto meu país, então tem de ter Brasil no nome", diz o senhor de 69 anos, cabelos branquinhos, entre um acerto final de última hora e outro no programa que terá como convidados Renato Teixeira, igualmente de cabelos brancos, e Tom Zé entre outros.

Boldrin apresenta o programa, canta com convidados, ajuda na edição final. Está em um campo que conhece bem: ele conta seus causos, declama poemas, chama os artistas para cantar e faz as vezes de cantadô também. "A temática é a mesma, mas é nova também. Está mais bonito que o Som Brasil (que apresentou nas manhãs de domingo na Globo, de 1981 a 1983), mais teatral", diz. Ele exemplifica: "Quando Fátima Guedes termina seu número, Lula Barbosa entra tocando violão e cantando. Isso é operístico. Com o microfone fixo do Som Brasil não dava para fazer".

No programa de estréia, Fátima Guedes canta Violão, de Sueli Costa e Paulo César Pinheiro, e Lula Barbosa, A Voz do Violão, de Francisco Alves. O grupo Canto 4 faz Não Manche Meu Panamá, com Rolando Boldrin, música gravada pelo Bando da Lua. "Música pode ser do passado, o que é bom é eterno. Quando Chitãozinho e Xororó gravaram Rancho Fundo, que é de 1940, de Ary Barroso e Lamartine Babo, pessoas perguntaram de quem era aquela música nova".

Misturar novos artistas com veteranos é vocação do programa. Para as próximas virão Fagner, Ney Matogrosso, Chico César e Rita Lee. Nesta terça-feira, a dupla Allyson e Roberto, do Paraná, canta Moda do Invejoso, de Boldrin; Cesar Brunetti faz paródia em Paraguai; e Paulinho Pedra Azul apresenta Cantar, de Godofredo Guedes.

Renato Teixeira canta Chico Mineiro com seu filho, Chico. Boldrin acompanha. O programa termina com Tom Zé e Boldrin cantando a parceria dos dois, Moda do Fim do Mundo, uma premonitória metáfora à situação política atual do país, falando que Brasília acordou com a notícia de que o mundo estava acabando. Tom Zé faz ainda sua homenagem a Adoniran Barbosa, A Volta do Trem das Onze ou 8 e Meio Milhões de Quilômetros Quadrados.

Múltiplo - De teatro e cinema, Boldrin entende. De novela e rádio, também. Música e causos, então... Ele personifica o artista completo, e defende a arte genuinamente nacional. Nos dois únicos filmes em que atuou, recebeu prêmio de melhor ator. Por Doramundo, que teve cenas rodadas em Paranapiacaba por João Batista de Andrade, atual secretário de Estado da Cultura, foi melhor ator no Festival de Gramado; por O Tronco, também de Andrade, foi melhor ator em Brasília. "Prefiro ficar 20 anos sem fazer cinema do que atuar em algo que não tenha uma mensagem brasileira. Jamais faria uma chanchada da Xuxa ou dos Trapalhões, por exemplo; e fui convidado para isso".

Com 46 anos de carreira profissional não parece cansado. "O Sr. Brasil é só a ponta de um novelo. Vamos mostrar ritmos e temas regionais brasileiros que não estão na mídia. Isto é tirar o Brasil da gaveta. Dificilmente vemos programas de raízes populares nas emissoras, só aqui na TV Cultura. Vide a Inezita Barroso, que está há mais de 20 anos com o Viola, Minha Viola. Vejo programas preocupados em mostrar sucesso rápido; sempre o mesmo artista. Quero mostrar a minha terra, a problemática do meu povo".

Cenário - O cenário do Sr. Brasil será um elemento a mais entre as novidades da volta de Boldrin à TV. Será um espaço para artistas e artesãos, anônimos em grande maioria, que permanecerá o mesmo em essência, mas mudará nos detalhes a cada edição. Cada objeto presente no cenário idealizado por Patrícia Maia é uma peça de artesanato vindo de instituições de prestam trabalhos sociais.

Esses objetos poderão ser adquiridos por meio do site do programa na internet, dentro da home page da TV Cultura. Uma imagem do objeto estará disponível e ao clicar sobre ela, aparecerá a instituição de origem. Deve entrar no ar na semana que vem. A venda envolverá apenas o telespectador e a instituição social do autor do trabalho, sem participação de Boldrin ou da Cultura. "É um espaço para o artista anônimo. Cada objeto simboliza nossa cultura", disse o senhor brasileiro.

Artista cantado

Filmes

Doramundo (1978)

O Tronco (1999)

Ele, o Boto (1987) (narração)

Programas de TV

Som Brasil (Globo, de 1981 a 1983)

Empório Brasileiro (Bandeirantes, 1984)

Empório Brasil (SBT, 1989)

Estação Brasil (Gazeta, 1997 a 1998)

Programas de rádio

Tupi (1958)

Jornal de São Paulo (1980/81)

Globo (2005)

Teatro (entre outras)

Crimes Delicados (1975), de João Antonio

Fábrica de Chocolate (1978), de Mário Prata

Novelas (incluindo os teleteatros nas TVs Tupi e Record na década de 1960, são 25 no total, entre elas)

Direito de Nascer (1961), na Tupi

Mulheres de Areia (1974), na Tupi

Os Imigrantes (1980), na Bandeirantes

Livros

Empório Brasil (1987)

Contando Causos (2001)

LPs e CDs (23 no total, entre eles)

Esquentai Vossos Pandeiros (2003)

Disco da Moda (2000)

Terno de Missa (1990)

O Violeiro (1982)

Caipira (1981)

O Cantadô (1974)

Maxixe c/ Lurdinha Pereira, 1º vinil (1962)

Shows

Palavrão (1974)

Teatro de Quintal (1975)

Paia...Assada (1987)

Brasil em Preto e Branco (1993/94)

Site

www.rolandoboldrin.com.br




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