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Cozinheiro é rebaixado ao assumir HIV
Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
27/10/2007 | 07:08
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Da cozinha para o quintal. Um funcionário do Vips Motel, em São Bernardo, acusa a empresa de discriminação e assédio moral. Francisco da Silva Nascimento, 26 anos, foi contratado há um ano e seis meses para trabalhar como cozinheiro. O cargo foi alterado depois que comunicou à gerência ser portador do vírus HIV. Hoje, como auxiliar de serviços gerais, sua função é varrer os corredores e recolher o lixo.

“Logo que saiu o resultado do exame, contei para o gerente de RH (Recursos Humanos). Aí eles me mandaram ficar em casa por dois meses para me cuidar. Eu não estava doente”, reclama Francisco.

Após dois meses, o cozinheiro cearense foi chamado para regressar ao trabalho. “Me disseram que, para me proteger, iriam me mudar de setor. Eu aceitei”. No dia 23 de agosto, ele assinou um documento em que aceitava a mudança de função. O papel também foi assinado pelo Sindehot (Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiros e Similares), de São Bernardo.

“Tenho laudos médicos que comprovam que o HIV não me impede de trabalhar na cozinha, com equipamentos cortantes. Com a função rebaixada na carteira vai ser difícil arrumar outro emprego”, diz.

Controvérsias - Procurada pela reportagem, a gerente do motel, Rosa Zucon, afirmou que todas as decisões foram tomadas com autorização do funcionário e do Sindicato. “Estamos dentro da lei. Poderíamos ter demitido o Francisco, mas sentimos pena”. Segundo ela, em nenhum momento houve discriminação. “Somos responsáveis.”

Já o vice-presidente do Sindehot, Marco Antônio Prado, diz que que o rebaixamento na carteira de trabalho não foi o combinado. “Foi totalmente desnecessário e vexatório para o trabalhador. Desmoralizou-o profissionalmente”. Ele, no entanto, não explicou porque assinou o documento em que concorda com a mudança.

Francisco se diz deixado de lado. “O tratamento mudou muito. Não posso conviver com outros funcionários e acho que eles estão me forçando a pedir demissão. Nunca fui tão discriminado.” Para o advogado do motel, Carlos Moreira, o cozinheiro está exagerando. “Não podemos deixá-lo na cozinha com objetos cortantes. Se ele se cortar pode contaminar os clientes”, alega. Francisco afirma que abrirá um processo na Justiça do Trabalho por danos morais.




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