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Dib já articula oposição rumo a 2012
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
20/01/2011 | 07:22
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Roberto Almeida/CMSBC


A eleição municipal de 2012 já começou em São Bernardo e a oposição ao prefeito Luiz Marinho (PT), candidato à reeleição, já tem articulador: o ex-chefe do Executivo e deputado federal eleito William Dib (PSDB).

Ontem, em almoço num dos estabelecimentos da rota dos restaurantes, em uma das raras entrevistas concedidas após o pleito do ano passado, o tucano revelou estar disposto a trabalhar para organizar e aglutinar lideranças para o grupo que fará frente ao petista daqui a um ano e sete meses.

 "Estou disposto a sê-lo (articulador) sem a necessidade de ser o candidato. Vamos conversar com todas as forças políticas da cidade para que elas se deem as mãos. Esse papel eu vou tentar desenvolver. Não quer dizer que vou conseguir ou que vou fazer em torno do meu nome. O nome que for mais fácil é o ideal", discorreu. As "forças" a que se refere o parlamentar - assumirá oficialmente cadeira na Câmara Federal no dia 1º - são, principalmente, a família Manente (Otávio, vereador e presidente do PPS local, e Alex, deputado estadual reeleito) e o também reeleito para a Assembleia Legislativa Orlando Morando (PSDB).

Quanto aos Manente, Dib observou que sua relação sempre foi boa, apesar de eles terem participado da gestão Marinho nos dois primeiros anos de governo. Hoje, integram um bloco independente de centro.

Ontem, antes do almoço, o deputado federal eleito visitou o presidente da Câmara e correligionário, Hiroyuki Minami. De quebra, saiu na foto abraçado com Otávio, ex-comandante do Legislativo. Um indício de reaproximação para 2012? O tucano responde: "A decisão de apoiar o PT na última eleição foi dele. Nós somos, com muita clareza, antiPT. Não temos capacidade de nos unir num projeto com o PT. Se ele (Otávio) quiser, nós temos de ir para outro tipo de aliança."

Sobre Orlando Morando, a relação em público transparece ser normal, até afetiva. Mas, nos bastidores, comenta-se que há divergências. O motivo desse suposto impasse político estaria na busca por espaço interno no grupo. Acerca do tema, Dib mandou o recado: "O que dá pra dizer é que eu estou despido de vaidade. Eu não tenho nenhum interesse de ser candidato (a prefeito). Para mim está fácil conversar. Se para ele (Orlando) está difícil, o problema passa a ser dele. É preciso entender que sem união, não há viabilidade."

E foi justamente essa "vaidade" um dos fatores preponderantes para a derrota para Luiz Marinho em 2008. O próprio tucano aponta a "falta de unidade" como uma das causas da derrocada. "Já começou a fase de conversas. Acho que vamos ter de dialogar bastante nos próximos meses."

Além de tentar dar musculatura à oposição - sem vaidade, ele ressalta -, William Dib salienta para outro ponto que deve ser desenvolvido para retomar o Paço. "A ideia de candidatura para 2012 também passará pela construção de um projeto. Qual o projeto que o candidato e o grupo têm de ter para a cidade? Não dá para se apresentar sem isso (...) Vamos tentar começar a desenhar o projeto a partir do meio do ano, entre julho e setembro."

 

Críticas serão feitas à Saúde e Educação

 

Para convencer o eleitorado em 2012, os argumentos da oposição já estão na ponta da língua. Será focado em críticas às áreas de Saúde e Educação, com uma pitada do marketing utilizado pela campanha de José Serra (PSDB) na corrida presidencial de 2010. "O que devemos mostrar é que podemos fazer mais e melhor", afirmou William Dib.

Mais uma vez o deputado eleito ressaltou que a atual administração "desmontou vários projetos" de sua gestão. "Na área da Educação houve desmonte, um retrocesso inexplicável. Tinha de avançar no processo de municipalização do ensino, que além de ser promessa de campanha faz parte de um projeto mais amplo. Também acabou com o ensino específico para alunos especiais."

No setor da Saúde, Dib destaca o fim do CAP (Centro de Atenção Psicossocial). "Isso foi problemático, porque ocorreu apenas para mudar o nome do programa que, além de não haver ganho para a população, é só mídia. E, nas pontas, as filas aumentaram, a demora para exames aumentou violentamente e há falta de remédio."

O tucano observou ainda que não é possível mensurar o efeito que fará na eleição municipal a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Bernardo, após oito anos de governo e no alto de 87% de aprovação popular. "Só o futuro vai dizer."

Sobre a influência de Lula no pleito de 2008, a favor de Luiz Marinho, Dib minimiza. "Na minha leitura, o que fez eles ganharem a eleição foram nossos erros e o excesso de dinheiro do lado de lá. Não foi essa ou a outra pessoa. E não foi Mauricio Soares (ex-prefeito que se aliou ao PT de última hora) nem Frank Aguiar (vice-prefeito na chapa, que entrou para popularizar a candidatura petista)."

 

Em Brasília, ex-prefeito fiscalizará Dilma

 

A principal ferramenta de trabalho do deputado federal William Dib em Brasília será fiscalizar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). "Acho que uma das tarefas de quem está na oposição é fiscalizar. E reivindicar as necessidades da nossa região."

Indagado se a oposição deve ser diplomática - como orienta o senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) - ou mais combativa - como sinaliza o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes -, Dib fica em cima do muro. "Nenhuma das duas. Temos de ser a alternativa aos projetos que serão apresentados (pelo Executivo). A oposição também tem de ter esse papel de levar à sociedade as grandes discussões. Precisamos achar um caminho para levar isso à frente."

Com relação à elaboração de emendas para execução de obras no Grande ABC e outras localidades do Estado, o tucano frisa que ainda não estão definidos os critérios que serão utilizados aos novos parlamentares para sugerir onde serão aplicados os recursos federais.

O deputado ressalta que a bancada regional, também formada pelos petistas Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (São Bernardo), e José de Filippi Júnior (Diadema), pode ser atuante. "Nos momentos que as emendas para a região estiverem em discussão devemos trabalhar juntos. O apoio dos três será importante. Não vejo dificuldade de apoiar projetos dos meus adversários, entre aspas, políticos. E acho que não terão comigo. Mas é obvio que vai depender deles."

Os projetos de sua autoria serão preparados assim que forem definidas as comissões em que vai participar. Haverá reunião dos 53 deputados tucanos - sendo 13 deles paulistas -, dia 26, em Brasília, para costurar essas tratativas. "Vou levar projetos para a Saúde e Infraestrutura. Estou estudando a Câmara. Para mim é desafio. Estou confiante", finalizou.




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