Política Titulo
Sto.André integra bancada da bala
Teresa Pimenta
Do Diário do Grande ABC
24/08/2005 | 09:06
Compartilhar notícia


A bancada da bala, que é contra a proibição do comércio de armas e munição no Brasil, tem pelo menos dois representantes na Câmara de Santo André: Carlos Raposo (PV) e Marcos Medeiros (PSDB). Raposo, inclusive, diz já estar em campanha. Colocou uma faixa de três metros na entrada do gabinete: "Quero ter o meu direito de defesa. Sou contra o desarmamento". No Grande ABC, a bancada da bala também conta com o apoio do vereador de Ribeirão Pires Gilson Hamada (PTB).

A lei que proíbe o comércio de armas de fogo e munição vai passar por um referendo no dia 23 de outubro. Os eleitores terão de dizer se concordam ou não com a proibição.

Os dois vereadores revelam ter arma em casa. Raposo já a usou uma vez, há cerca de três anos. "Um ladrão entrou na minha casa à noite e eu atirei. Infelizmente, não acertei", contou. "Tem de desarmar o bandido, não a população." Para o vereador do PV, as regras para compra e porte de arma precisam ser ainda mais rígidas, com testes de avaliação psicológica e treinamento de tiro, mas não se deve proibir a população de adquirir um revólver.

"Tem de cobrar caro pelo porte, talvez R$ 2 mil ou R$ 3 mil pelo documento. Não pode ser para qualquer pessoa", argumentou Raposo. O vereador afirmou que tem recebido apoio de muitas pessoas que vêem a faixa no gabinete.

Outro defensor do direito de ter armas, o tucano Marcos Medeiros foi policial militar por 20 anos. Ele dispara críticas à realização do referendo. "Sou contra essa balela (o referendo), que é uma enganação que vai custar milhões de reais. O povo, inocente, acha que vai ser uma maravilha", afirmou.

Medeiros justifica sua posição com os mesmos argumentos de Raposo. "O marginal está se lixando para a proibição; ele compra suas armas no mercado paralelo ou de contrabando."

Outro argumento comum dos dois vereadores é que a arma de fogo não é a única forma de cometer um homicídio. "Se o sujeito está predisposto a matar, mata com faca, com veneno, a pauladas, enfim, dá um jeito mesmo sem ter arma de fogo", disse Medeiros.

A defesa da liberdade na venda de armas, no entanto, não é uma posição majoritária. A maioria dos prefeitos, vereadores e eleitores da região tem se posicionado contra. Pesquisa Diário /Brasmarket feita em julho apontou que 81,6% dos moradores do Grande ABC apóiam o fim do comércio de armas.

A campanha pelo desarmamento tem atividades marcadas para os próximos dias na região. Na sexta-feira, acontece audiência pública na Câmara de Diadema. Segunda-feira, o Diário e o Imes (Universidade Municipal de São Caetano) promovem debate com os deputados federais Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). No mesmo dia acontece o lançamento da Frente de Vereadores do Grande ABC pelo Desarmamento, na Câmara de São Bernardo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;