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Sem essa de falar de ‘Fla-Flu’ na política
Por Beto Silva
22/03/2016 | 07:00
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O termo ‘Fla-Flu’ é usado na política para vincular a disputa acirrada – muitas vezes desrespeitosa e agressiva – entre grupos adversários, que passam a ser, na verdade, inimigos. Sinto informar aos militantes mais exaltados que essa comparação não é mais válida. Ao menos pelo que se viu no Pacaembu, domingo, quando jogaram Flamengo e Fluminense. O clima foi de paz, com torcedores rivais dividindo o mesmo espaço dentro e fora do estádio. Ninguém deixou de torcer por seu time. Mas nada que tenha extrapolado para a irracionalidade. É o futebol dando exemplo para a política, onde vemos no cenário atual constantes agressões verbais e físicas. Logo o futebol, movido a paixão, que envolve afeto exagerado, entusiasmo, devoção. Logo o futebol, em que a razão dá lugar à emoção. Logo o futebol, do fanatismo cego. Logo o futebol, classificado como marginal e disseminador de preconceitos e discriminações. A política tem sido diminuída por grupos contaminados por ódio, com as pessoas estimuladas por discursos raivosos. Logo a política, aquela ciência da governança, da organização, na qual o diálogo é preponderante. Logo a política, aquela taxada como a arte de negociar para compatibilizar interesses. Logo a política, cuja origem vem da palavra politiké, uma derivação de pólis, que significa Cidade-Estado, onde eram debatidos assuntos pertinentes ao povo, ao público. Quando o futebol ensina a política, algo muito estranho está se desenhando.

Absolvido
O vereador de Mauá Manoel Lopes (DEM) foi inocentado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da acusação de abuso de influência do cargo na eleição de 2012. O democrata chegou a ser cassado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) e foi substituído por duas sessões. Mas voltou à cadeira após pedido de liminar, que garantiu permanência no Legislativo enquanto tramitava o processo. A denúncia partiu da coligação PT-PSB, a qual alegava que ele havia distribuído cópias de uma carta aos pais de alunos da EE Marilene de Oliveira Acetto, assinada pela diretora da entidade, sua cunhada Jane Donatiello, e por sua mulher, Ângela Donatiello, servidoras da Secretaria de Educação. “É seguro afirmar que o fato investigado sequer atrairia multa”, diz a relatora Maria Thereza de Assis Moura. Manoel Lopes comemorou a decisão. “Sempre tive certeza da minha inocência.”

Pelo impeachment
Integrante da comissão que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal, o deputado Alex Manente (PPS), de São Bernardo, disse ontem que o grupo tem de “cumprir o papel que a sociedade vem nos cobrando, para retomar o desenvolvimento do nosso País”. “Devemos dar celeridade ao debate. Temos de fazer um julgamento equilibrado, de acordo com a lei, mas que também esteja de acordo com a vontade da população, que não aguenta mais tanto desmando desse governo”, afirmou o popular-socialista, a favor da saída da petista. O legislativo federal tem feito sessões de segunda a sexta-feira para gerar rapidez na avaliação do impedimento. Normalmente, as plenárias eram de terça a quinta. Ao menos a semana tem sido cheia para os parlamentares. Qualquer semelhança com o ritmo de qualquer trabalhador brasileiro é mera coincidência.

Sabe de nada, inocente
Vereador paulistano, Andrea Matarazzo se desfilou do PSDB às vésperas do segundo turno das prévias que disputaria com João Dória Júnior, para definir o candidato tucano à prefeitura da Capital. Alegou, entre outras coisas, compra de votos, transporte de eleitores e uso da máquina pública. Será que ele nunca tinha visto isso antes em eleição, no alto de seus 59 anos, muitos deles ocupando cargos de secretário de Estado, ministro e embaixador? Será que seu ex-partido nunca havia feito isso? Será que os adversários nunca haviam feito isso? Será que acha que não vai enfrentar isso no pleito de outubro se for candidato por outro partido?  




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