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Ato de metalúrgicos pede garantia de emprego em S.Paulo
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
03/07/2005 | 10:38
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Pedir mudanças na economia para estimular o aumento da produção nas empresas e evitar demissões. Com esse objetivo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ligado à Força Sindical) promove a partir das 7h desta segunda ato público em defesa do emprego, na frente da fábrica BSH Continental, na Capital. São esperados mais de 3 mil trabalhadores.

A intenção é chamar a atenção da sociedade para a atual situação das empresas do setor. Na avaliação da entidade, as fábricas passam por série de dificuldades, com redução de produção devido às altas taxas de juros e retração do câmbio, que desestimula as exportações.

O sindicato decidiu realizar a manifestação depois de concluir, na semana passada, um levantamento que apontou problemas no setor em São Paulo e Mogi das Cruzes, hoje com 8 mil indústrias e 260 mil metalúrgicos. Pelo estudo, 22 empresas enfrentam dificuldades com a queda de encomendas. Por esse motivo, concederam férias coletivas, pediram concordata e demitiram funcionários para adequar a produção à demanda.

Desse total, oito indústrias deram férias coletivas para 2.570 empregados. Além disso, uma delas chegou a demitir 50 trabalhadores. A avaliação constatou ainda que outras quatro empresas dispensaram 596 pessoas – duas delas cortaram 390 funcionários porque saíram da região de abrangência do sindicato para fugir dos altos impostos. Existe ainda a possibilidade de uma fábrica também fazer demissões.

O levantamento apontou que uma empresa pediu concordata e outras oito enfrentam dificuldades em função da diminuição dos pedidos. Devido a essa situação, as empresas estão atrasando salários, dando folgas esporádicas, reduzindo a jornada de trabalho e até mesmo os salários.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, adiantou que poderá estender o movimento para o Grande ABC, devido às dificuldades de algumas empresas. Na região, a central sindical controla os sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano e Santo André.

Como exemplo, Paulinho apontou o PDV (Plano de Demissões Voluntárias) e as férias coletivas na General Motors, de São Caetano, cujo objetivo é reduzir possível ociosidade na ferramentaria. “São os primeiros sintomas de que podem ocorrer demissões em massa. Se essas medidas não forem eficazes, com certeza as empresas não pensarão duas vezes e realizarão cortes.”

Para o sindicalista, a atual política econômica do governo – de taxa de juros alta e câmbio baixo – começou a “contaminar” as empresas e estagnar o desempenho industrial. A única alternativa, de acordo com Paulinho, é reduzir os juros para aumentar o consumo e o dólar para que os produtos brasileiros voltem a ficar competitivos no mercado externo. “Infelizmente, esses transtornos sempre penalizam primeiro os trabalhadores.”

Ônibus – O presidente do sindicato, Eleno Bezerra, explicou que vai utilizar ônibus a fim de levar para o ato público alguns metalúrgicos que trabalham nas indústrias mais distantes. Segundo ele, empresários já o procuraram para negociar corte em salários.

“A situação poderá chegar a um caos total caso o governo não tome nenhuma providência para estimular a economia. Esses problemas mostram com evidência que as fábricas diminuem a produção e descarregam nas costas dos trabalhadores”, disse.




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