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Falta de kits atrasa confirmação de novos casos de dengue

Secretaria de Estado da Saúde diz que há 5 meses Instituto Adolfo Lutz não recebe material necessário para realizar a análise do governo federal

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
03/02/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Kits utilizados para fazer o exame de sorologia de dengue estão em falta, o que tem gerado atraso na confirmação do diagnóstico de pacientes notificados pelas prefeituras da região. Conforme a Secretaria de Estado da Saúde, há aproximadamente cinco meses, o Instituto Adolfo Lutz, responsável pela realização dos exames em todo o Estado, não recebe os materiais do Ministério da Saúde. A ausência dos kits, além de atrasar a confirmação ou descarte de novos casos da doença, por consequência, tem ‘maquiado’ o número de casos no Grande ABC.

Conforme dados das prefeituras da região, aproximadamente 297 notificações enviadas ao laboratório estadual ainda aguardam o resultado do exame de sorologia.

Em Santo André, são 71 casos suspeitos de dengue sendo investigados – nenhum autóctone (contraído dentro do município). No total, eram 73, mas dois já foram descartados.

São Caetano, por sua vez, tem 63 casos suspeitos aguardando teste de sorologia.

Já em Mauá, desde o início do ano foram registradas 84 notificações, um caso importado e um caso autóctone. Todos aguardam resultado.

Diadema e Ribeirão Pires tem, respectivamente, 70 e nove casos suspeitos de dengue que esperam diagnóstico. São Bernardo e Rio Grande da Serra não responderam.

Segundo a Secretaria de Saúde, como nenhum dos cerca de 2.500 kits solicitados foi entregue pelo Ministério da Saúde, o Instituto Adolfo Lutz vinha utilizando o restante do materiais disponíveis, mas agora o estoque está zerado.

Até que a situação se normalize, o Instituto Adolfo Lutz manterá as amostras armazenadas, nas condições necessárias, para a realização da sorologia quando houver disponibilidade de kits.

Em nota, o Ministério da Saúde confirmou o atraso na distribuição do material e relacionou a ausência de kits a problema na compra do produto em 2015. A previsão do governo federal é que a situação se regularize neste mês, com a chegada de 1.000 kits sorológicos, o que corresponde a 96 mil testes.

Para o coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Saúde do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno (PT), a falta de kits e atraso no diagnóstico interfere diretamente nas ações que os municípios têm realizado para combater a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor. “Quando se trabalha com as confirmações (pelo exame), temos como direcionar a equipe para os pontos com maior concentração de casos autóctones. Sem isso não sabemos onde devemos concentrar as equipes.”

Na visão de Homero, a situação tende a se agravar nos próximos meses. “Dependendo de quando for normalizada a entrega dos kits, o instituto pode ter um acúmulo de exames. Ele (Adolfo Lutz) irá fazer os que estão parados e os que surgirem. Isso pode ser prejudicial.”

 

Ministério da Saúde minimiza ausência de testes

De acordo com o Ministério da Saúde, a ausência de kits de sorologia para dengue não impede o diagnóstico da dengue. Segundo o órgão, na maior parte dos casos suspeitos da doença, a confirmação é feita por critério clínico epidemiológico.

Em nota, o ministério minimizou a falta dos materiais e disse que o exame laboratorial é indicado somente para pacientes com sinais que podem levar a casos graves, como sangramento. O fato vai contra o atual protocolo adotado por todas as prefeituras do País, que usam os kits justamente para confirmar os casos suspeitos.

O diagnóstico de dengue é confirmado cientificamente por meio de exame de sangue do paciente. Quando alguém diz ao médico que está com sintomas típicos da doença, como febre, manchas vermelhas e dores no corpo, a orientação é para que se faça uma coleta do fluído.

O material vai para o laboratório e é tratado com diversos produtos: no total, o kit de exame é composto por seis reagentes e três controles líquidos.

Para o coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Saúde do Consórcio Intermunicipal e secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno (PT), falta empenho dos governos para cumprirem trato feito. “Ficou acordado que o município faria as ações de conscientização, o Estado o teste, e o governo federal a distribuição do repasse e dos kits. Isso precisa ser cumprido.”




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