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'Não uso minha influência para conquistar clientela', diz vice-diretor
Por Artur Rodriguese Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
03/06/2007 | 07:11
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Apesar de citado pela maioria dos diretores de escola como dono da Cootraserg, Ariomar Prado Chaurais diz que seu envolvimento com a cooperativa se limita aos serviços que presta como contador. “O presidente da Cootraserg é o Michael. Sou contratado para fazer a parte de contabilidade. Não faço nada ilegal.”

Chaurais é vice-diretor da EE Reverendo Omar Daibert, no bairro dos Casa. Para ele, “não há nada demais” em trabalhar na Secretaria de Educação e prestar serviços paralelos ao Estado. “Não uso a minha influência como vice-diretor para conquistar clientela. Aliás, por que você está tão preocupada com isso?”

Sobre a sonegação de impostos por meio de falsificação de documentos, Chaurais diz que desconhece a fraude. “Mando todos os papéis e o dinheiro via malote ao banco. Não sei o que pode acontecer no meio do caminho.” O vice-diretor encerra a conversa afirmando que 80% dos professores do Estado precisam desempenhar atividades fora da sala de aula para complementar o orçamento. “Escreva aí que sou contador com registro na Prefeitura. É bom você colocar isso. Assim faz propaganda do meu trabalho”, conclui Chaurais, dizendo que a reportagem vai ajudá-lo a conseguir novos clientes. Ele não sabia que havia sido afastado do cargo.

Todos os telefones da Cootraserg estão em nome do escritório de contabilidade de Chaurais. O presidente da cooperativa, Michael de Souza, se disse “surpreso” com a informação. “O Ariomar faz a minha contabilidade. Não temos nenhum parentesco nem nada”, afirma. Ele conta que é “comum” os diretores acharem que Chaurais é o presidente da cooperativa. Souza afirma que atende 200 escolas no Grande ABC, tem cerca de mil cooperados, metade atualmente trabalhando. “Nunca cogitei que os comprovantes que chegam até mim sejam falsos. Não tive motivo para isso.”

A contadora Marinalva Ferreira do Amaral foi procurada diversas vezes pelo Diário em seu escritório. Na terça-feira, uma mulher que se identificou como funcionária dela pegou nome e telefones do repórter e prometeu que Marinalva ligaria até sexta. O que não ocorreu.

Segundo diretores, a contadora tem percorrido as escolas tentando fazer acordos para não ser denunciada. As propostas vão de confissões de dívida a pagamento do valor desviado. O rombo em uma das escolas teria chegado a R$ 20 mil.

A reportagem teve acesso a documentos em que a contadora assume qualquer irregularidade em determinadas escolas, isentando os diretores.

Uma das vítimas da fraude, a cozinheira C.A.D., ex-funcionária da APM da EE Senador Robert Kennedy, teve o valor de sua rescisão depositada por Marinalva após fazer denúncia à polícia. Marinalva jogou a culpa da fraude no motoboy que fez o pagamento.

Cleide, que esperava pagar dívidas com a rescisão contratual, ainda não conseguiu sacar seu dinheiro. Agora, por questões burocráticas.




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