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Sem gramado, campo dá lugar à criminalidade

Atletas em Diadema relatam uso de drogas na praça, cuja grama foi retirada por falta de pagamento

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
06/10/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


A interdição do campo da Vila Alice, localizado em Diadema, tornou-se ponto de usuários de drogas e local de roubo. A praça esportiva, situada na Rua Guaíra, 345, teve a grama retirada na semana passada por falta de pagamento do governo do prefeito Lauro Michels (PV).

A empresa Soccer Grass Assessoria e Empreendimentos Esportivos, responsável pela implantação do material, recolheu gramado e o espaço esportivo segue sem previsão de entrega.

O governo Lauro argumenta que o imbróglio com a obra é culpa do governo federal, destacando que o Ministério do Esporte não repassou o valor para a execução do serviço, estimado em R$ 804 mil.

O espaço, cuja dimensão é de 63 m por 105 m, é o maior da várzea do município e era para ser concluído há pelo menos dois meses. A Vila Alice é um dos mais tradicionais locais do futebol varzeano, reunindo 15 equipes.

A equipe do Diário entrou em contato com jogadores dos times locais e eles revelaram frustração com a ausência do campo, descrevendo tristeza no bairro, desvantagem nas partidas e aumento nas despesas dos jogos. Os atletas também relataram que o local se tornou um dos pontos mais inseguros da vizinhança.

Instalador de coifas e jogador há um ano do Aratiba, Paulo Henrique dos Santos, 29 anos, não escondeu indignação com a interdição do campo. “No esporte, perdemos a condição de realizar nos jogos em casa. Eu moro em frente ao campo e fico decepcionado em não poder mais usar. Porém, a maior preocupação é com segurança. Não se pode mais passar à noite por lá porque você acaba assaltado”, lamentou.

O gramado sintético no campo é uma antiga reivindicação dos moradores do bairro diademense. Morador da Rua Aratiba há 14 anos, o ajudante geral Elber Henrique Silva, 23, contou que sente saudades de utilizar o espaço, mesmo quando era de terra batida. “Era muito bom poder jogar bola por aqui. Além dos jogos, muita gente do bairro vinha assistir. Agora, está tudo abandonado e escuro por lá. Minha família e eu temos que tomar cuidado em passar por perto. Sempre há gente se drogando, não importa a hora”, criticou.

Relato semelhante foi descrito por Atevaldo Santos Souza, 46 anos. Pintor autônomo e volante do time Tipoia, ele detalhou que a ausência da praça esportiva tirou alegria dos moradores. “Aos domingos tinha aquele gosto bem bacana dos jogos, com muitos amigos assistindo. Foi uma vergonha e tristeza ver a grama se recolhida. Para jogar, não temos mais a vantagem da nossa, que além de desfavorável, aumenta o gasto com ônibus e outras despesas.”




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