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Travessia segura ganha força na região
Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
21/05/2011 | 07:05
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O debate sobre a criação de travessias seguras para pedestres ganha força na região. Após a Prefeitura de São Caetano anunciar, nesta semana, a criação de programa de conscientização sobre o respeito às faixas, foi a vez de São Bernardo manifestar intenção de implementar projeto semelhante.

O secretário de Transportes e Vias Públicas de São Bernardo, Oscar Silveira Campos, afirmou que pretende criar campanha educativa no município ainda neste ano. Campos explicou que, para o projeto, a administração recebe assessoria do arquiteto e urbanista Nazareno Affonso, da Associação Nacional dos Transportes Públicos. Affonso participou do projeto pioneiro executado em 1997 em Brasília e foi secretário de Transportes de Santo André entre 1989 e 1992, durante a gestão de Celso Daniel (PT).

"A campanha, inicialmente, é educativa, tanto para o pedestre quanto para o motorista. Não adianta educar só o pedestre se o motorista não respeitar as faixas", avaliou Campos.

O secretário informou que todas as vias do município que passarem por recuperação no asfalto receberão as chamadas lombofaixas - faixas de pedestres elevadas que permitem a travessia no mesmo nível da calçada.

Os estudos para a adoção dos programas também é discutido pelo Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Fiscalização

Para Nazareno Affonso, o principal problema atualmente é a falta de fiscalização nas faixas. "A impunidade faz com que o motorista simplesmente ignore o pedestre e ache que a prioridade é sua", opinou.

Affonso disse que as faixas na Capital Federal receberam iluminação e sinalização especial, além de fiscalização em 140 pontos. O urbanista defende que a prioridade total seja do transeunte. "O objetivo não é ter fluidez de veículo, é ter fluidez de gente. No entanto, muita gente acha isso um absurdo e não faz nada pelo pedestre", acrescentou.

Engenheiro faz ressalvas ao programa

O engenheiro de Tráfego e professor da Universidade de São Paulo Sérgio Ejzenberg afirmou ser favorável às campanhas de proteção ao pedestre, desde que sejam respeitados os artigos previstos no Código de Trânsito Brasileiro.

"Não tem nenhum problema, desde que o programa seja executado com técnica adequada. Não tem sentido pensar que o pedestre pode parar o trânsito para atravessar. Se ele fizer isso, vai morrer", opinou.

O artigo 69 do CTB determina que o pedestre deverá tomar ‘precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos'.

"O pedestre não pode ter a ideia de que vai parar o trânsito. Isso não está previsto no código. As únicas pessoas que podem parar o fluxo são os agentes de trânsito, que têm equipamentos e são instruídos para esta atividade", comentou.

Ao contrário da tese do urbanista Nazareno Affonso, Ejzenberg acrescentou que a prioridade total ao pedestre travaria as vias e aumentaria os riscos de atropelamentos e colisões traseiras. "Imagine um caminhão carregado com dezenas de toneladas tendo de parar de repente em uma faixa na Avenida dos Estados. Não tem como. Ele não iria conseguir frear e ainda poderia matar o ocupante do veículo da frente e o pedestre", finalizou.




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