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Represa Billings está 100% vulnerável
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
27/03/2008 | 07:02
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É dia de aniversário, não de festa. Aos 83 anos, a Represa Billings alcança 100% de vulnerabilidade hídrica. Em todos os critérios utilizados para classificar um manancial como área de risco, a nota obtida pelo reservatório que margeia cinco das sete cidades da região – Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra –, é sempre alta.

 Relatório divulgado pelo Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), e atestado por especialistas, mostra como o alto consumo, praticado de forma não-sustentável, afetou o manancial. Os índices de poluição alcançados por quantidade de esgoto doméstico, lixo difuso, industrial e reversão da carga do Rio Pinheiros dentro da represa já ultrapassaram os limites do suportável por representarem riscos à saúde pública.

 “A Billings foi tratada por muitas décadas como fundo ambiental perdido. Lata de lixo mesmo. Agora, a regeneração é mais difícil. A represa está mais vulnerável do que nunca. A escala de elementos que prejudicam a represa só piora. O cenário deste aniversário não é nada animador. Vai faltar água se não fizermos a lição de casa”, disse o doutor em Geografia pela USP, Maurício Waldman.

 Segundo o especialista, a produção e o consumo de água já empatam na Região Metropolitana. “Enquanto isso, continuamos incentivando o boom imobiliário sem restrições. É incorreto dizer que apenas o tratamento de esgoto resolve. É preciso parar de impermeabilizar o solo, principalmente em área de manancial, onde o ciclo hidrológico corre o risco de ser quebrado. Existe um cálculo internacional que afirma que o solo freático perde 200 litros a cada m² pavimentado”, afirmou.

 As obras do Rodoanel são as mais prejudiciais nesse sentido. Para o presidente do Proam, Carlos Bocuhy, a construção do Trecho Sul é um dos elementos que pioram as condições físicas da Billings. “O governo está assoreando ainda mais a represa e, conseqüentemente, deixando o reservatório sempre mais vulnerável”, disse.

 Para o conselheiro do Instituto Acqua, Fábio Vital, o discurso do Estado não reflete a realidade de suas obras.

 “Fala-se em preservar com legislação específica, mas se investe em obras de grande impacto, como o Rodoanel e a flotação do Rio Pinheiros. Os políticos não agem, a sociedade não cobra e, a cada ano, perdemos a chance de promover intervenções de sucesso a custos mais baixos. O abastecimento parece ser preocupante só quando falta água na torneira.”



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