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E-mail usa técnica de engenharia social para roubar informações
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
Com Agências
23/06/2003 | 18:48
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Foi uma inteligente, senão totalmente infalível estratégia. Muitas de suas vítimas potenciais perceberam imediatamente. Outras foram menos céticas e caíram na armadilha. Na quarta-feira, os internautas norte-americanos começaram a receber um e-mail com a expressão “Alerta de Fraude” na linha do assunto. Disfarçado de aviso sobre uma compra na Best Buy e possível falha na utilização do cartão de crédito, a mensagem pedia que os destinatários fossem a um site “especial” da empresa e corrigissem o problema entrando com os números do cartão de crédito e da previdência social.

“Esta é a versão eletrônica do chamado noturno de alguém que, aparentemente, é o cão de guarda de seu cartão de crédito”, afirmou Malcolm Sparrow, professor da John F. Kennedy School of Government, de Harvard, profissional especializado no controle de fraudes.

Quase imediatamente depois que os e-mails apareceram, milhares de ligações de clientes furiosos começaram a chover na sede da Best Buy. A empresa agiu rapidamente para se distanciar do engano. Em poucas horas, dois sites falsos foram fechados e agentes de serviços de proteção ao consumidor estavam ocupados alertando os internautas para que desconsiderassem as tais mensagens. Os que caíram no conto do vigário on-line foram orientados a ligar para bancos, companhias de cartão de crédito e ao Programa de Identificação de Roubo, da Comissão Federal de Comércio dos EUA.

Mas grande parte dos danos, infelizmente, já havia sido causada. Foi um roubo eletrônico. Autoridades estão levando o problema a sério. “Uma pessoa enganada já é terrível”, disse Paul McCabe, agente especial do FBI em Minneapolis. “Mas milhares de pessoas receberam esse e-mail”, lamentou.

O escritório de procuradoria dos EUA em Minnesota também está envolvido na investigação. McCabe disse que várias autoridades de outros países também se envolveram, uma vez que a mensagem também foi enviada para fora dos EUA.

Engenharia social – O e-mail usado como uma notícia falsa para executar uma fraude – uma forma ilegal de spam, detestado tipo de mensagem não-solicitada que aparece nas caixas de entrada dos computadores todos os dias – empregou uma técnica de engenharia social, que se aproveita da ingenuidade dos usuários para furar ferramentas de proteção ou então conseguir informações sigilosas.

Comumente utilizadas nos códigos de vírus para PC, essas técnicas consistem atualmente na maior preocupação dos especialistas em segurança de sistemas, uma vez que, de acordo com pesquisas realizadas nessa área, o homem – e não o software, como se pode imaginar – é disparado o principal causador de vulnerabilidades nos ambientes informatizados.

Artistas fraudadores posando como investigadores de fraude são parte de uma considerável tradição. A habilidade de enviar e-mails em massa aumenta cada vez mais o potencial de lucros. O número de pessoas que já foram prejudicadas pela fraude não está claro. Dada a quantidade de internautas que receberam o e-mail, porém, é possível imaginar que o esquema aprisionou muitas vítimas.

“Mesmo se 99,99% das pessoas que receberam a mensagem tenham informações suficientes para perceber a fraude, se você envia para um milhão, pegará algumas vítimas”, afirmou David Sorkin, professor da John Marshall Law School, de Chicago, e especialista em spam e proteção ao consumidor. “O spam é tão barato que, para conseguir vantagens com ele, não é necessário uma alta taxa de resposta”, disse.




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