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Primeira-dama de Sto.André se dedica à costura
Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
05/06/2005 | 08:08
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Ana Avamileno é a única primeira-dama do Grande ABC que se sente à vontade por costurar. Não politicamente, é bom ficar bem claro. Ela é costureira, dona de uma confecção desde 1984 e prefere a família à política. E é não porque não goste ou não apoie o marido, o prefeito João Avamileno (PT), mas, por falta de tempo. Por isso, raramente vai à Prefeitura de Santo André. 

Embora não se dedique ao mundo da costura política, dona Ana deixa sua marca no dia-a-dia do prefeito: ela é quem faz todas as camisas e a maior parte das calças do marido. Seu mundo é o da costura, que chegou também ao topo por manter entre suas clientes a primeira-dama do país, Marisa Letícia, mulher do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois casais se conhecem desde o período sindical, na década de 80.

Alheia, sem estar alienada, dona Ana diz que, após o jantar, na namoradeira que mantém na sala do apartamento, deixa a costura para fora da casa e João Avamileno faz o mesmo com a Prefeitura. Os dois falam apenas sobre os filhos e os netos.

Por conta de sua confecção. Ana não participa do consórcio das primeiras-damas. Ela faz questão de esclarecer que não se trata de desprezo, mas falta de tempo mesmo. "Eu não tenho tempo para me dedicar a essas outras coisas, porque na minha confecção tenho oito funcionários. Então, trabalho muito com costuras, eu mesma corto. É difícil de me ausentar. Não é que não goste, é que há falta de tempo mesmo. A minha empresa me consome todo tempo."

Apesar de distante da política, Ana Avamileno se diz petista de coração, embora pouco participe das reuniões do partido. "Só vou em alguns eventos, com o João." A alegação: falta de tempo por causa da confecção de roupas. A primeira-dama raramente vai à prefeitura e só é vista em público quando a solenidade assim o exige. 

O distanciamento político de Ana Avamileno não é de agora. Ela sempre colocou seu trabalho de costureira e a família em primeiro lugar. Isso desde os tempos em que João Avamileno ingressou no sindicalismo. Ele trabalhava na Pirelli e, segundo a primeira-dama, foi convidado por José Cicote para integrar uma chapa da Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. "Ele ficou meio assim, nõa queria, mas eu dei um empurrão. Disse para ele que precisava de novos horizontes. Não poderia ficar a vida toda na Pirelli. Aí ele achou interessante e entrou no sindicato", explica Ana.

Ana se recorda de como a vida foi sofrida nos tempos de sindicalismo. João Avamileno, segundo ela, saía muito cedo de casa e regressava bem tarde. Para ficar mais próxima do marido, ela chegava a acompanhá-lo nas assembléias, geralmente aos sábados ou domingo. Nessa época, no início da década de 80, a primeira-dama já era uma costureira respeitável na cidade. Foi nessa época que conheceu Luiz Inácio Lula da Silva e dona Marisa Letícia. "Com a Marisa tenho muita amizade. Costurei muito para ela. Hoje ainda costuro. Faço blazes, saias, roupa especial para ela", confidencia Ana Avamileno.

Roupas - O corte, o alinhavo e o acabamento da costureira Ana podem ser observados no vestuário do prefeito petista. É ela quem faz as camisas e as calças do marido. Ana só não confecciona paletós. "Às vezes preciso me preocupar com o que ele vestir, porque ele não liga. Acha que está tudo bom. Mas às vezes não está combinando uma coisa com a outra. Ele fala "mas não sei quem inventou esse negócio de combinar", porque nesse ponto ele não é muito exigente."

Política e costura à parte, Ana Avamileno fala com carinho do marido. Confidencia que João Avamileno, em casa, se desnuda do cargo de prefeito e se torna apenas chefe de família. "Ele é uma excelente pessoa. Quando chega em casa, ele é apenas o nosso João. Brinca com os meninos, beija os filhos (são quatro), um deles tem 36 anos. Brinca com os netos. Em casa, nunca é o prefeito, é o João Avamileno pai de família", relata Ana, revelando que o marido jamais leva "lição da prefeitura para o lar".

Carreira - Se o assunto política não é discutido em casa, a possibilidade de a carreira política de João Avamileno ser seguida por um dos filhos está descartada? "Não", responde Ana. "O Fabrício se engaja bem nesse campo. Ele gosta. Mas, por enquanto, ele não tem a intenção de se candidatar a nada."

Sobre o marido prefeito, Ana é só elogios. Revela que o pior momento do casal foi o assassinato de Celso Daniel, em janeiro de 2002. João, vice, teve de assumir a prefeitura e administrá-la até as eleições do ano passado, quando se candidatou ao cargo de chefe do Executivo. A primeira-dama acredita que Avamileno vem fazendo um bom trabalho em Santo André. "O João é muito dedicado no que faz. Não faz nada pela metade, tem que ser completo."




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