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A culpa é toda dele
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
27/09/2011 | 07:01
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Homem de muitos adjetivos, como inquieto, provocativo e original, o pensador modernista Oswald de Andrade (1890-1954) é o novo homenageado do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que fará hoje a inauguração da mostra "Oswald de Andrade: O Culpado de Tudo".

A frase "Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas", escrita por Oswald na edição original do livro "Serafim Ponte Grande" (1933), é o ponto de partida da exposição, que propõe uma espécie de degustação do pensamento de um dos artífices da Semana de Arte Moderna de 1922.

Com curadoria de José Miguel Wisnik, que recebeu colaborações de Cacá Machado e Vadim Nikitin, e projeto expográfico de Pedro Mendes da Rocha, a montagem aposta em instalações audiovisuais e painéis explicativos para apresentar tanto a vida quanto a obra do controverso e profícuo escritor paulistano, que foi casado cinco vezes e teve quatro filhos.

MÓDULOS
Frases emblemáticas do autor como "Tupi ou not tupi, that is the question" permeiam toda a mostra, que tem três dimensões de leitura (poética, histórico-biográfica e filosófica), que se articulam de forma inseparável.

Entre os módulos, painéis ilustrados a partir do poema "As Quatro Gares" introduzem o público à mostra. No verso, as peças mostram aquelas que seriam as quatro fases da vida e da obra de Oswald: boemia, vanguarda, revolução e utopia.

No módulo "As Mulheres", etiquetas informam nomes de figuras com breves resumos sobre relação de cada uma com o autor do "Manifesto Antropófago". No centro da instalação, fica a escultura "Deisi", de Victor Brecheret.

Já os módulos "Semana de Arte Moderna" e "Pau Brasil" estão colocados um de frente para o outro. No primeiro, o visitante conhecerá série de afirmações do próprio sobre o movimento. Já no segundo,além do autor, o visitante observará imagens de Paulo Prado, Tarsila do Amaral e Blaise Cendrars.

No centro do módulo "Descoberta do Brasil", pode ser conferida uma obra do artista plástico Cildo Meirelles. Trata-se de uma nota de 1.000 Cruzeiros com a figura de Pedro Álvares Cabral carimbada com o título da exposição. Cenas da colonização, como catequese e escravidão, também têm destaque.

Por sua vez, "Língua Pátria", instalada no corredor de saída da exposição, reúne textos estrategicamente colocados de modo a aproximar mais ainda as ruas e vielas da Capital do museu.

Até os banheiros da Sala das Exposições Temporárias abrigam seleção de frases poéticas e ligeiramente pornográficas de Oswald. Aos mais pudicos, o museu recomenda o uso dos banheiros, situados no segundo andar.

Por considerar a forte relação de Oswald de Andrade com a cidade de São Paulo, o projeto expográfico propõe diálogo entre a exposição (interno) e a cidade (externo). Dessa forma, as paredes da sala de exposições foram todas pintadas de branco e os tapumes, que fechavam as janelas do espaço, foram retirados. De dentro, o visitante poderá ver a paisagem urbana como o Jardim da Luz.


Oswald de Andrade: O Culpado de Tudo Exposição. Abertura hoje. No Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, São Paulo. Tel.: 3326-0775. Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 18h30. Ingr.: R$ 6.




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