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Pode malhar?
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
27/03/2011 | 07:00
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É só falar em musculação que a gente logo lembra de gente ‘bombada', muito malhada e forte. Mas não é bem assim. O objetivo nem sempre é o de ficar supermusculoso. Estudo publicado em revista norte-americana mostra, inclusive, que crianças e adolescentes podem praticar exercícios de força.

É lógico que ninguém vai chegar na academia e fazer o mesmo que os adultos. Na realidade, poucas aceitam alunos com menos de 15 anos. Além disso, antes de iniciar é preciso passar por avaliação física feita por profissional preparado para isso, que vai indicar a melhor atividade para cada caso.

Os exercícios também são diferentes. O número de repetições e a intensidade, por exemplo, são bem menores. Nada de carregar peso e treinar até não aguentar mais. "Se forçar muito, pode ficar com os músculos doloridos no outro dia", explica Matheus Perina Falchero, 12 anos, que se exercita numa academia em São Caetano, onde é sempre acompanhado por professor de educação física.

O mesmo local é frequentado por Maria Carolina Ferraz, 12, que quando não tinha lição, só ficava na net ou vendo TV. "Precisava emagrecer. Meu pai deu a ideia e gostei." Lá a menina, que também faz street dance, encontra Mateus Teixeira Souza, 9, para quem a academia foi a solução para gastar tanta energia, já que vive ligado na tomada. Seu treinamento é cheio de brincadeiras preparadas por personal trainer (treinador que cuida de um aluno só). Ele ainda faz boxe e natação. "Quando estou agitado, faço muita bagunça. Depois dos exercícios, fico calmo."

Apesar de muitos especialistas afirmarem que a malhação infantil pode ser feita - desde que os limites de cada um sejam respeitados -, o assunto divide opiniões. Alguns estudiosos defendem que outras formas de se exercitar trazem mais benefícios.

 

Só com orientação

Seja na infância e adolescência ou qualquer outra fase, a malhação deve ser feita sempre com a supervisão de profissional preparado para trabalhar com cada tipo de público. Isso é muito importante para não causar problemas no presente nem no futuro. Fazer exercícios sem orientação e de forma errada pode comprometer o desenvolvimento físico. Também causa dores, machuca os músculos, as articulações (junção de dois ossos que permite movimento, como joelhos e cotovelos) e a coluna vertebral; em casos mais graves, pode originar fraturas. No entanto, se tudo for feito direitinho contribui para manter o corpo saudável, fortalece os músculos e ossos e ajuda a manter boa postura.

 

Criança tem de brincar

Pular, dançar, correr, andar, chutar, abaixar, levantar e até cair. Vale de tudo para se exercitar. Aliás, a verdadeira malhação de criança é brincar. Sabia? E isso, segundo especialistas, deve ser feito todos os dias.

Os benefícios não são percebidos apenas agora. Estudos mostram que quem não pratica nenhuma atividade na infância tem apenas 2% de chances de se transformar em adulto ativo. Já para a turma que mexe o esqueleto diariamente, as chances são bem maiores: 25%.

As brincadeiras permitem maior contato com diferentes tipos de movimentos, o que ajuda a desenvolver mais a coordenação motora. Por isso, quem é pequeno deve conhecer várias modalidades esportivas, antes de optar por apenas uma. Mesmo porque, desse modo, vai descobrir com qual esporte tem afinidade e acha mais legal.

Mas nem tudo é tão fácil. Quando os pais tinham sua idade, era comum brincar na rua. Hoje, não. A falta de segurança acabou com alguns espaços de diversão. O quintal das casas diminuiu e, em geral, é completamente ocupado por carros. Nem todos os prédios têm área de lazer.

E tem mais: muita gente tem tantos compromissos para cumprir que não sobra tempo para se divertir brincando. Sem contar a galerinha que prefere o computador, a TV e o videogame. Aí, bate aquela preguiça de se movimentar. Tudo isso junto faz com que as pessoas não desenvolvam o hábito de se exercitar. Entenda acima por que isso não pode acontecer.

 

Exercitar-se traz um montão de benefícios

Brincar se movimentando e praticar esportes não servem apenas para emagrecer. É muito mais importante do que isso. Além de reduzir a gordura do corpo e evitar a obsedidade, previne contra doenças, como pressão alta e diabetes.

Melhora o trabalho do coração e dos pulmões, deixa ossos e músculos mais fortes e desenvolve a coordenação motora. Mas ter saúde não significa apenas não ter doenças. A cuca também tem de estar legal.

Quem se exercita fica sempre de bem com a vida, pois a atividade física diminui o estresse e a ansiedade, combate o mau-humor e melhora a autoestima (a gente se gosta). "Quando não faço nada nas férias, fico indisposto. Não tenho pique para fazer as coisas", diz Matheus Falchero, 12 anos.

Estudos recentes mostram ainda que as pessoas que praticam mais exercícios físicos têm melhor desempenho na escola. Mas, atenção: não vale descuidar da alimentação só porque faz um monte de exercícios. Precisa comer direito, ingerindo alimentos variados, sem exagerar nas guloseimas, para garantir todos os benefícios.

 

Falta de espaço não é impedimento

Amarelinha, pega-pega, esconde-esconde e pular corda são ótimas brincadeiras para exercitar o corpo. O problema é que nem sempre se pode organizá-las dentro de casa. No entanto, algumas não exigem tanto espaço assim. Chame a família para brincar de estátua, duro ou mole, vivo ou morto. É só afastar um pouquinho os móveis da sala. Com certeza, vocês vão passar ótimos momentos juntos.

Aproveite os fins de semana para convidar a família para caminhar no parque, onde tem playground e lugar para jogar bola, andar de bicicleta e patins. Quem tem bicho de estimação, pode levá-lo para dar uma voltinha, acompanhado por um adulto.

O importante é não ficar a maior parte do dia sem fazer nada. A infância passa muito rápido. Parece papo de gente velha, né? Mas é verdade!

 

Consultoria de Luís C. de Oliveira, pesquisador do Celafiscs, Ricardo Zanuto, nutricionista e professor da Fefisa, Turíbio Leite de Barros, fisiologista e professor da Unifesp, Silvio Morais, coordenador da Runner São Caetano




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