Os abortos legais são dificultados no México de forma ativa por funcionários públicos, apesar de especialistas calcularem em 120 mil os estupros cometidos ao ano no país, denunciou nesta terça-feira a organização não-governamental HRW (Human Rights Watch), em um relatório.
O estupro é o único motivo de aborto legal expressamente previsto no Código Penal federal, lembrou o HRW, que deu exemplos concretos destes obstáculos ou subterfúgios de funcionários ou médicos que buscam impedir este direito às mulheres mexicanas.
"As vítimas de estupro que ficam grávidas são - para todos os efeitos - vítimas duplamente. A primeira vez pelo estuprador e a segunda, pelos funcionários públicos que as ignoram e insultam e lhes negam o acesso a um aborto legal", disse Kenneth Roth, diretor-executivo da HRW.
O relatório "Vítimas duplamente: obstruções ao aborto legal por violação no México" revela que "várias agências estatais em diferentes estados mexicanos aplicam técnicas agressivas para desestimular e adiar o acesso a abortos legais por estupro".
As mulheres e meninas que desejam interromper sua gravidez encontram mais obstáculos nas procuradorias de Justiça estatais, hospitais públicos e no departamento governamental para o DIF (Desenvolvimento Integral da Família), destacou. "Alguns agentes do Ministério Público ameaçam as vítimas de estupro com a prisão por buscarem o aborto legal e muitos médicos lhes dizem, sem razão, que o aborto as matará", destacou o relatório da organização.
No caso das violações por incesto, "as meninas estupradas por seus pais ou outros familiares freqüentemente se vêem sem mais opção que levar adiante a gravidez imposta a elas".
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