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Importação afeta emprego
na indústria do Grande ABC
Soraia Abreu Pedroso
Do Diário do Grande ABC
15/07/2011 | 07:00
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O dólar baixo, na casa dos R$ 1,60, continua sendo o maior vilão da indústria brasileira. No Grande ABC, onde existe a predominância do setor, os prejuízos são ainda maiores, custando o encerramento de centenas de postos de trabalho. Dados da pesquisa mensal de emprego da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo mostram que a região amargou a perda de 700 vagas somente no mês de junho. São 540 demissões a mais do que no mesmo período de 2010. Embora no semestre ainda haja saldo positivo de 5.400 empregos, de janeiro a junho do ano passado a soma chegava a 7.500.

“Hoje existe um descolamento entre o total comercializado e o nível de emprego. Recordes de vendas não significam crescimento dos postos de trabalho, pelo contrário, sinalizam o aumento das importações, que provocam a desindustrialização”, avalia Shotoku Yamamoto, diretor da regional do Ciesp de Santo André, que abrange também Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. “Aqui temos inúmeras indústrias de autopeças, mas não temos montadoras. E é justamente a fabricação de componentes, e não do produto final, que está sendo prejudicada.” A entrada de importados, especialmente os chineses causa a maior preocupação.

Somente nessas quatro cidades, houve a demissão de 750 trabalhadores em junho; no semestre, foram 2.150 a menos. Em São Bernardo, que concentra cinco montadoras (Volkswagen, Ford, Toyota, Mercedes-Benz e Scania), houve perda de 50 postos em junho; no acumulado do ano houve acréscimo de 3.050. São Caetano e Diadema contrataram no mês, com 150 vagas cada uma. No semestre, a cidade que sedia a General Motors acumulou 1.600 postos de trabalho. Diadema, por sua vez, registrou saldo negativo de 200 vagas. Isso mostra que, se por um lado gigantes como GM e Mercedes estão abrindo terceiro turno, por outro, pequenas e médias fornecedoras perdem mercado.

A MRS, fabricante de componentes para caminhões e ônibus (como suspensão, câmbio e freio) de Mauá, registrou recuo de 8% nas vendas das peças para o mercado de reposição (lojas e oficinas) neste semestre. Desde abril, já demitiu 20 funcionários, cerca de 10% do seu quadro atual, sendo que metade foi dispensada em junho. “Além de o dólar baixo favorecer a entrada de componentes importados no País, dificulta a exportação. Meus preços ficam maiores”, diz o diretor Celso Cestari. A saída para minimizar os efeitos está na substituição do aço nacional pelo chinês para reduzir custos e evitar mais demissões. “Eles são 35% mais baratos.”




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