Duas universitárias, um vigilante e um assaltante ficaram feridos em tentativa de assalto, na tarde desta segunda, ao posto do banco HSBC no campus da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Ao ouvir tiros de fuzil AR-15 Baby (modelo compacto) e de pistola 9mm, disparados pelos assaltantes, clientes e funcionários se jogaram no chao do posto, localizado no saguao de entrada da universidade.

As 12h15, o homem armado com o AR-15 Baby, descrito por testemunhas como gordo, baixo e moreno, foi barrado pela trava de segurança da porta giratória do posto e destruiu a tiros os vidros. Com um revólver calibre 38, o vigilante Flávio da Rosa Maciel Santos, 25 anos, baleou outro integrante do bando, que já estava no posto, todo vestido de branco, mas foi ferido com um tiro no peito e dois na barriga.

A aluna do curso de História Maísa da Silva, 22 anos, foi atingida na coxa e caiu sob a mesa do gerente. Michele Aragao Teixeira, 26 anos, que estuda Fisioterapia, foi ferida com tiro na coxa esquerda, que atingiu a artéria femoral.

"Ouvi um estrondo e depois o grito de socorro de Michelle. Ela se arrastou escadaria abaixo e caiu perto da guarita", contou o vigilante Edson Nunes. "Corri para ajudá-la. Estava com ela quando o homem com o fuzil, de bermudao e camisa, perguntou: 'quer bancar o herói? Vai tentar a sorte?'. Ele me obrigou entao a voltar à guarita", lembrou o vigilante, que garante ter visto pelo menos três homens fugindo.

A polícia está com a fita do circuito interno de TV da universidade, com imagens da açao, que durou pouco mais de cinco minutos. Os bandidos escaparam, sem nada levar, em dois carros: um Golf e um Corsa branco, roubado da estudante Carolina Maria Bardaró de Castro, em frente à universidade, na Rua Manuel Vitorino. Para levar o carro, o bando atravessou o Golf na rua.

Também o estudante de Engenharia Luiz Melo, 22 anos, e o amigo Wagner Lyra, 23 anos, foram rendidos ao passar pelo local. Segundo Melo, os bandidos desistiram de fugir no Vectra de Wagner, do qual levaram somente as chaves.

Peritos encontraram no posto, dentro de uma lixeira, a arma que provavelmente foi disparada contra as estudantes e o vigilante: uma pistola Taurus 9 milímetros, com vestígios de uso recente. De acordo com o delegado da Divisao de Roubos e Furtos (DRF), Luiz Antonio Businaro, nao será possível pedir exame de papiloscopia (para identificaçao de digitais), pois a pistola foi manuseada pelos PMs. Businaro lamentou que nao tenha sido garantida, conforme a lei, a preservaçao do local do crime.

Em um mês, esta foi a segunda investida de assaltantes contra o posto do HSBC em dia de pagamento. Em julho, dois homens tomaram a arma do único vigilante e levaram R$ 24 mil. O vice-reitor administrativo da Gama Filho, Carlos von Doellinger, disse que após o assalto anterior pedira o reforço do policiamento ostensivo na área da universidade, especialmente em dia de pagamento. "Mas creio que isso nao aconteceu", reclamou Doellinger.

O vice-reitor contestou a reivindicaçao, feita nesta segunda por alguns estudantes, de segurança armada para a instituiçao, que tem 16 mil alunos, dois mil professores e cerca de mil funcionários - o posto bancário funciona desde a inauguraçao da Gama Filho, em 1971. "Seria um risco absurdo para a vida de todos na universidade", explica.

De acordo com o vice-reitor, apenas os seguranças do HSBC trabalham armados. A aluna de Direito Hélia Medeiros, 26 anos, diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), disse que correrá um abaixo-assinado entre os colegas com pedido para retirada do posto bancário de dentro da universidade.