Política Titulo Manifestação
Protesto contra presidente reúne 1 milhão na Paulista

Pedidos de impeachment, intervenção militar e fim
da corrupção pautam manifestantes na capital de SP

Por Gustavo Pinchiaro
Leandro Baldini
Daniel Tossato
16/03/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O governo da presidente Dilma Rousseff e o PT foram alvos de protestos ontem em 26 Estados e no Distrito Federal, atingindo mais de 150 municípios, incluindo os do Grande ABC. A maior concentração de manifestantes, no entanto, foi na Avenida Paulista que, segundo a Polícia Militar, reuniu em torno de 1 milhão de pessoas. Sem um discurso uniforme, a convergência ficou nos pedidos de impeachment e responsabilização do PT no caso de desvio de dinheiro na Petrobras, o chamado Petrolão, que também envolve PMDB, PSDB, PP, PSB e PTB.

O ato foi convocado por, pelo menos, cinco grupos diferentes. O MBL (Movimento Brasil Livre) colheu assinaturas pelo impeachment. SOS Forças Armadas cobrou intervenção militar. Vem pra Rua pautou o fim da corrupção. Alguns integrantes do Revoltados Online gritavam ofensas pessoais à presidente e ao antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. O partido Solidariedade também pediu a saída de Dilma. Políticos de expressão da oposição, como o senador tucano Aécio Neves, não participaram dos atos. A PM registrou poucas ocorrências. Integrantes do Carecas do Subúrbio foram detidos portando explosivos. Houve furtos.

O empresário André Lopez, 46, morador do Alto da Lapa, compareceu com sua família para reclamar do modelo econômico brasileiro. “Está falido e comprometendo a vida de todo pequeno negócio. Com tantos casos de corrupção, é preciso ir às ruas protestar.”

Ambulantes aproveitavam para vender lanches, espetinhos de churrasco, faixas de ‘Fora Dilma, impeachment já’ e capas de chuva. A expectativa era de faturamento de até R$ 1.000. Muitos garis aguardavam o fim do ato para limpar o local por determinação da prefeitura, chefiada pelo petista Fernando Haddad.

Em Santo André, logo pela manhã, cerca de 7.000 pessoas caminharam pela Avenida Perimetral exibindo placas e vestindo camisetas favoráveis ao impeachment.

Conhecida pela alta rejeição ao PT, São Caetano contou com duas manifestações, uma pela manhã, que contabilizou 500 participantes, e outra no começo da tarde, com cerca de 5.000 pessoas, que passaram pelas avenidas Presidente Kennedy e Goiás. Os números são da PM. A comerciante Sanlai Delafiori, 36, pediu intervenção militar. “É a única solução neste momento.”

São Bernardo registrou manifestação na Avenida Kennedy, em frente ao Ginásio Poliesportivo Adib Moysés Dib, com público em torno de 4.000.

Clique aqui para conferir imagens das manifestações na região e na Capital

‘ UFABC está impregnada pelo PT’

Um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre) e morador de Santo André, Kim Kataguiri, 19, afirmou que a UFABC (Universidade Federal do ABC) está impregnada pelo PT. A declaração foi dada ontem, enquanto organizava equipe para colher assinaturas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em meio aos protestos contra o governo na Avenida Paulista, na Capital.

“Os professores são todos petistas. O conteúdo acadêmico está contaminado pelo PT. A UFABC está impregnada pelo PT”, declarou, Kataguiri, que, recentemente, deixou de cursar Ciências da Computação no campus andreense da instituição e reclamava de ser hostilizado por discordar do petismo. “Não sai por esse motivo. Comecei a organizar o MBL e articular o impeachment, com embasamento jurídico, por todo o País. Hoje estamos em 73 cidades”, completou.

A expectativa do MBL, que está sediado em um escritório na Avenida Brigadeiro Luíz Antônio, em São Paulo, era de colher 200 mil assinaturas em solo paulistano e somar 1 milhão em todo o Brasil. Os documentos serão compilados para formalizar o pedido. “Começamos a trabalhar o MBL em 1º de novembro do ano passado em razão das denúncias da Operação Lava Jato de desvio de dinheiro na Petrobras. Fiquei conhecido no meio por ter um canal de divulgação da política liberal com 17 anos”, comentou Takaguiri. GP

Governo promete combater corrupção

Após reunião da cúpula do governo Dilma Rousseff (PT) para avaliar as manifestações, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-geral da Presidência, Miguel Rossetto, concederam entrevista sobre o ocorrido e, sem entrar em detalhes, disseram que medidas de combate à corrupção serão anunciadas em breve pelo Palácio do Planalto. As declarações foram recebidas com panelaços na Capital e também em cidades do Grande ABC.

“O governo está aberto e disposto ao diálogo. Não há democracia sem diálogo. Vamos anunciar medidas, que são promessas eleitorais da presidente Dilma, de combate rigoroso à corrupção e à impunidade”, afirmou Cardozo.

O ministro da Justiça ainda defendeu a ampliação do debate para reforma política no sentido de criar outro sistema que “feche as portas à corrupção”. Cardozo disse que o modelo atual abre brechas para malfeitos e gera desvios “anacrônicos”.

Rosseto foi mais incisivo e condenou pedidos de intervenção militar, os quais chamou de “golpismo”. “Majoritariamente os protestos foram feitos por setores críticos ao governo e por eleitores que não votaram na Dilma. É legítimo. Mas o que não é legítimo é o golpismo. É inaceitável ver cartazes pedindo o fim do STF (Supremo Tribunal Federal). Devemos rejeitar esse tipo de declaração. Não é crítica, é agressão à democracia.” GP 




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