Os bens da fabricante de autopeças Fris-Moldu-Car foram confiscados pela Justiça no início desta semana. Agora, oficialmente, nenhuma peça, máquina ou objeto de valor poderá sair da fábrica até que se tenha definida a situação da empresa quanto às dívidas trabalhistas e com os credores.

As propriedades dos donos da autopeças também foram embargadas e, segundo os ex-funcionários da fabricante de autopeças, até helicóptero está na lista de bens levantada pela Justiça.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Paulo da Silva Nogueira, também foram encontradas peças prontas e semiprontas que, somadas, estão avaliadas em R$ 700 mil. “Não era à toa que os donos queriam tirar essa mercadoria de lá. Não imaginávamos que era tanto”, afirma.

A idéia do sindicato é buscar a autorização da Justiça para vender essas peças e começar a pagar as dívidas trabalhistas dos metalúrgicos. “Também já é um passo dado caso for decretada a falência da empresa”, comenta Nogueira.

Segundo o integrante da comissão de fábrica Edson Ferreira da Costa, foram necessários três dias para que o oficial de Justiça fizesse a listagem de todos os itens de valor da Fris-Moldu-Car. “Nem matéria-prima, peça ou maquinário. Nada pode sair”, reforça o metalúrgico.

Histórico - Desde o dia 21 de fevereiro deste ano os 260 trabalhadores da fabricante de autopeças entraram em greve após o atraso de pagamento dos salários, direitos (13º salário, férias, FGTS), além de benefícios.

Para evitar que qualquer bem da empresa saísse a partir da paralisação, os metalúrgicos resolveram montar um acampamento na porta da Fris-Moldu-Car, que completa 129 dias nesta quinta-feira.

Na época, o sindicato também entrou com dois processos contra a indústria: um na Justiça do Trabalho, para julgar a greve, e outro na Justiça Comum, pedindo a falência da empresa.

A greve foi considerada legal em meados de abril e os trabalhadores deveriam ter recebido os atrasados, incluindo os dias em que ficaram paralisados, o que não ocorreu.

Agora, a expectativa dos metalúrgicos é que a Justiça declare a falência da empresa e que os débitos trabalhistas sejam pagos. E, a partir do fim da autopeças, os ex-funcionários esperam reerguer o nome Fris-Moldu-Car como cooperativa.