O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), concedeu entrevista ontem na tentativa de isentar a empresa Sustentare Saneamento S/A, cujo o proprietário, Adilson Alves Martins, é relacionado em ações de improbidade administrativa em São Paulo e no Distrito Federal por integrar a denominada Máfia do Lixo.

Diretor-presidente da Sustentare, Martins também chegou a dirigir a Qualix Serviços Ambientais Ltda, ré em processos movidos pelo Ministério Público paulista e do Distrito Federal por suspeita de integrar cartel de companhias de tratamento de resíduos sólidos que fraudavam e superfaturavam contratos com o poder público.

“Quando as pessoas falam se eu tenho medo de empresa envolvida em máfia? A empresa em si, não. Quem pode estar envolvido em alguma coisa era o ex-diretor da empresa que era outra, a Qualix e agora é Sustentare. Uma coisa é uma coisa e outra coisa e outra coisa. Não podemos misturar”, justificou Lauro, que convocou coletiva de imprensa para abordar tema, sem conseguir desassociar empresa do empresário.

No dia 15, reportagem publicada pelo Diário revelou acordo firmado entre Lauro e a companhia, no valor de R$ 19,4 milhões para o serviço de coleta de lixo.

À época, a Sustentare emitiu nota ao assegurar ter habilitação para participação no certame de concorrência e informou que: “Martins assumiu a presidência da Sustentare, antiga Qualix Serviços, em 3 de agosto de 2011, com o principal propósito de equalizar a situação econômica da companhia. Fatos precedentes à sua nomeação ao cargo não de sua responsabilidade”, discorreu.

Lauro frisou que a empresa venceu o processo de licitação, obedecendo todos os critérios exigidos e por oferecer menor preço no certame. “Fizemos licitação exigindo todos os documentos necessários e isso foi atendido. Se há máfia, não é o prefeito quem tem que falar quem é o mafioso”, complementou, salientando que a empresa cobra R$ 90,26 por tonelada coletada de lixo domiciliar e hospitalar.

ESCLARECIMENTO
O verde também procurou esclarecer contrato firmado pelo Executivo com a empresa Planeta Educação Gráfica e Editora Ltda, investigada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, do Ministério Público, por suspeita de conluio em licitação na Prefeitura de São Bernardo.

Em 2013, o Gaeco ABC recebeu denúncia anônima indicando que havia jogo de cartas marcadas para que a Planeta Educação conquistasse contrato na cidade do prefeito Luiz Marinho (PT).
“Fizemos amplo levantamento da empresa e nada foi encontrado. Não me calo sobre situações neste sentido, apenas fui apurar e constatamos idoneidade da Planeta Educação”, argumentou Lauro, que assinou contrato de R$ 25,5 milhões por convênio de 60 meses.

Verde joga responsabilidade para PTB, mas tenta ajustes

Chefe do Executivo de Diadema, Lauro Michels (PV) transferiu ontem para o PTB a responsabilidade do rompimento da aliança eleitoral, que teve Silvana Guarnieri (PTB) como vice-prefeita. “Houve falha de comunicação entre eles (petebistas). Se o partido faz parte do arco da gestão precisa estar engajado. E o nosso plano era eleger o Márcio da Fármacia (do PV, vereador licenciado, que se candidatou a deputado federal) e a Silvana teve a vontade ser candidatar contrariando o governo e naquele momento se disvirtuou da administração”, alegou.

Lauro se referiu à candidatura derrotada da petebista em outubro, quando também tentou cadeira na Câmara Federal – ela obteve 1.395 votos, contrariando ‘vontade’ do Paço.

O prefeito evitou embate com o presidente do PTB paulista, deputado Campos Machado, que o chamou na semana passada de “desleal” e anunciou fim do acordo. “Acredito que com diálogo tudo pode ser consertado. Vou procurar o Campos.” Para o dirigente petebista, a correligionária foi humilhada pelo verde.

NOMEAÇÃO
O novo líder de governo em Diadema será Márcio da Farmácia, que substituirá José Dourado (PSDB), eleito presidente da Câmara. A nomeação muda a estratégia de Lauro, que pretendia trazer Márcio para compor o secretariado.