A briga entre os petistas de São Caetano terá mais um round. O coordenador da macrorregião do PT, Hamilton Lacerda, disponibilizou fita com gravações que comprovariam acusações contra o vereador Horácio Neto. Já o parlamentar conseguiu abertura de inquérito policial para apurar a conduta do companheiro de partido.

A gravação contém diálogo entre Lacerda e o jornalista Samuel Silva de Oliveira (Voz do Povo), que cita a iniciativa do vereador Horácio Neto em comprar dossiê contra Maria Isabel Fonseca (mulher de Lacerda). Em uma das passagens, Samuel diz que Neto pechinchou o valor do CD. Em outra, Lacerda combina com o jornalista o local do flagrante e indigna-se com a atitude de Samuel, que é filiado ao PT.

Na esfera policial, Neto acusa Lacerda, o jornalista Samuel Silva de Oliveira e o militante Francisco José de Souza Ribeiro, de calúnia, injúria e difamação. Em documento, Neto cita ter sido vítima de uma "cilada" para incrimina-lo. O delegado Nelson Jorge Noronha Nassif, do 1º DP, conduzirá os trabalhos policiais, que seguirão o trâmite normal para coleta de provas e depoimentos.

Para tentar comprovar a versão, Neto requere no pedido de abertura de inquérito a própria quebra de sigilo telefônico. Além disso, pede que Hamilton Lacerda apresente fita cassete onde gravou a conversa com Samuel sobre a venda do dossiê. Lacerda entregou cópia da fita ao Diário. Por fim, pede à polícia que fixe prazo de 24 horas para que seja descoberto o nome do assessor de Horácio Neto – apontado na versão de Samuel – que teria feito o primeiro contato com o jornalista sobre a compra do CD.

Crise – Na semana passada, Horácio Neto usou a tribuna da Câmara para expor o fato e conseguiu apoio da bancada de situação do prefeito José Auricchio Júnior (PTB). Ele acusa Lacerda, Francisco e Samuel de simular situação onde teria comprado um dossiê, por R$ 600, contendo diálogo entre Maria Isabel Fonseca (mulher de Lacerda) e representante da Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), no período em que Maria Isabel era secretária-adjunta de Administração de Guarulhos, em 2004. Lacerda desmente a versão e diz que Neto realmente queria comprar o dossiê para utiliza-lo durante disputa pelo diretório municipal.

O caso culminou em racha do PT de São Caetano. Além de dois pedidos de instauração de processo na comissão de ética municipal – um por parte de Neto e outro de Francisco José de Souza Ribeiro – Lacerda protocolou na última sexta-feira pedido à comissão de ética estadual contra o vereador de São Caetano. Há quem interprete que panos quentes serão jogados sobre a história sancaetanense enquanto a situação do PT não tiver estabilizada em âmbito nacional.