Política Titulo Apesar do deficit
Marinho empurra para 2016 creches prometidas para 2013

Unidades no Ferrazópolis, em S.Bernardo, estão no mesmo estágio desde 2012, quando as obras iniciaram

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
11/01/2015 | 07:32
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Celso Luiz/DGABC


Atrasadas em um ano e meio, as creches Ferrazópolis 1 e 2, em São Bernardo, que ajudariam a amenizar deficit de 3.200 crianças na fila de espera, seguem no campo da promessa. Previstas para julho de 2013, as unidades agora têm nova data de entrega: janeiro de 2016, último ano de gestão do prefeito Luiz Marinho (PT) – placas antigas foram até removidas, para omitir o atraso.

Em setembro de 2013, dois meses depois do prazo inicial de abertura, o Diário foi às duas localidades revelando paralisação das obras, com apenas serviços de assentamento do terreno e preparação de estrutura realizados, bem longe da conclusão. Dezesseis meses depois da primeira reportagem, o cenário é idêntico, uma vez que as obras foram retomadas somente em dezembro de 2014.

Fisicamente existem poucas alterações. Há equipe trabalhando na área, embora em ritmo lento. Na creche Ferrazópolis 1, na Rua Francisco Tosi, o terreno está fechado por portão com cadeado. Antes, relatam moradores, o terreno estava abandonado e não havia sinal de serviço feito.

“Começaram a chegar ao terreno perto do Natal, mas de efetivo começaram a trabalhar nesta semana”, detalhou a aposentada Aparecida do Rosário Cunha, 60 anos e moradora no bairro há 20 anos.

O primeiro contrato para a construção das duas unidades foi firmado com a Impacto Gouvêa. A empreiteira receberia R$ 5,5 milhões para tirar os prédios públicos do papel. Recebeu parte do recurso, colocou funcionários para trabalhar em meados de agosto de 2012. Mas a obra parou e a área abrigou até usuários de drogas.

A vendedora Vivencia Feitoza, 50 anos e residente do bairro há quatro anos, relatou o desprezo com o local. “Estava completamente largado. Lembro perfeitamente do começo dessa obra, mas logo começou a não acontecer mais nada, pouca gente trabalhando, até que deixaram de vez”, contou.

O governo Marinho decidiu romper o contrato com a Impacto Gouvêa, empresa que teria falido – responsáveis pela empreiteira não foram localizados. Novo acordo foi assinado, desta vez com a Flasa Engenharia e Construções Ltda, de São Bernardo. O valor também foi reajustado: passou dos R$ 5,5 milhões para R$ 12,2 milhões – 121,8% mais caro.

Funcionários da Flasa, que não quiseram se identificar, comentaram que o estágio dos serviços atual é de preparação de estrutura e que a jornada é das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Mestre de obras da creche Ferrazópolis 2, Roberto Serapião de Souza confirmou que o trabalho é feito desde o início de dezembro, com equipe formada por sete homens. “O andamento é igual da unidade 1. Considerando atrasos em razões de chuvas, feriados e outras situações, conseguiremos concluir essa creche em um ano”, projetou.

Entre os vizinhos, o clima de desconfiança é o mesmo. O lavador de carros Reinaldo Palmas, 36 anos, que mora no bairro há dez anos, relatou que conheceu trabalhadores da Impacto Gouvêa e detalhou problemas revelados por eles. “Interagimos algumas vezes e me contaram que foram obrigados a deixar o serviço por falta de pagamento. Tem alguns que me disseram que iriam acionar a Justiça, pois ficaram sem receber por pelo menos uns três meses.”

Procurada, a Prefeitura não se manifestou sobre os questionamentos feitos de atrasos nas obras dos equipamentos.




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