Economia Titulo Mobilização
Famílias protestam na Mercedes

Ato visou tentar reverter demissões; na segunda, metalúrgicos vão se reunir em frente à Volks

Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
10/01/2015 | 07:29
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Celso Luiz/DGABC


Parte dos 160 trabalhadores demitidos da Mercedes-Benz (os outros 100 aderiram ao Programa de Demissão Voluntária) em São Bernardo levou as famílias para participar de manifestação em frente à portaria da empresa na manhã de ontem. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 2.500 funcionários da linha de produção de caminhões também pararam por cerca de três horas para apoiar o movimento. Na quarta-feira, os 10,5 mil trabalhadores da montadora, sendo 7.000 do chão de fábrica e 3.500 das áreas administrativa, vendas e RH já haviam cruzado os braços em protesto contra as demissões.

“Mercedes, Volks, Ford e Scania ganharam muito dinheiro. Construímos um mês a mais no calendário no ano passado trabalhando por 30 sábados. Quando tem produção, a paixão da empresa pelo trabalhador é grande, mas esse amor entre aspas acaba de um jeito que não podemos aceitar. A gente não sabe no que as manifestações vão dar, mas sabemos que, se não brigarmos, já perdemos”, disse ao microfone o diretor administrativo do sindicato, Moisés Selerges.

Integrante da coordenação do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinto, o Max, disse que as demissões não prejudicam só o setor automobilístico. “Afetam também a família e a sociedade. O trabalhador deixa de frequentar o comércio. Por isso, essa é uma luta de todos.”

O metalúrgico Antônio Roberto Milani, 38 anos, de São Bernardo, foi um dos dispensados da Mercedes e trouxe a filha de 4 anos e o filho de 2 para acompanhar a manifestação. “Queria, pelo menos, uma indenização justa, uma rescisão com pacote de benefícios bons para tocar minha vida aqui fora e fazer alguma coisa que amo. Mas estou confiante na reversão das demissões, não é a primeira vez que passo por essa situação.”

Selerges pontuou que a montadora foi precipitada ao demitir. “A situação da indústria está complicada, mas é um setor importantíssimo para o crescimento do País. A Mercedes foi impaciente com o processo. A gente tinha um instrumento de flexibilização (lay-off de 1.015 postos, em que 260 não foram renovados) que era até abril deste ano e deveria ter sido cumprido. (A montadora) Alega baixa performance dos trabalhadores, mas não existe nenhum mecanismo de avaliação.”

Ontem, durante a tarde, em reunião com a montadora, o sindicato não conseguiu avanços para reestabelecer os 160 empregos. Não há data para nova discussão.

GRANDE ATO - O presidente do sindicato, Rafael Marques, reiterou, ontem, a grande manifestação na segunda-feira na Via Anchieta. O primeiro chamamento ocorreu na quinta-feira, em assembleia na Volkswagen. “Vamos dar mais ênfase, então, a mobilização vai acontecer mesmo que a Volks ache uma proposta neste fim de semana (para os 800 funcionários demitidos). Não podemos ficar somente no universo restrito das empresas, temos que levar isso ao governo, lutar por medidas mais abrangentes, que vão ajudar não só os trabalhadores do Grande ABC, mas de todo Brasil.”

Porém, o sindicato disse no fim da tarde que a mobilização terá início na frente da Volks, sem confirmar se haverá o bloqueio da Via Anchieta. Ontem, a entidade atendeu dezenas dos 800 trabalhadores que receberam o telegrama informando sobre a demissão para dar orientações jurídicas e sobre o ato. (Colaborou Pedro Souza) 




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